Mesmo com os problemas criados pela pandemia, a categoria conseguiu entregar um campeonato robusto em 2020
Por Américo Teixeira Junior

Acompanhe o Diário Motorsport no Youtube Twitter Facebook
Ao vencer a 12ª e última etapa da Stock Car neste domingo (13), em Interlagos, o piloto paulista Ricardo Maurício (Eurofarma-RC/Chevrolet Cruze) conquistou pela terceira vez o título da categoria. Antes, já havia sido campeão em 2008 e 2013. Para a equipe comandada por Rosinei Campos, o triunfo foi ainda mais amplo, pois representou o nono caneco – e oitavo da parceria com a Eurofarma. Vale acrescentar que, antes de ter o próprio time, Meinha foi campeão quatro vezes trabalhando para outras organizações.
A despeito de um ano dificílimo, foi possível ver na pista um equilíbrio muito grande na Stock Car. Nas 18 largadas, nada menos do que 13 pilotos diferentes foram ao degrau mais alto do pódio, com predominância para Maurício e Thiago Camilo (A. Mattheis Ipiranga Racing/Toyota Corolla), ambos com três. Ricardo Zonta (RCM Motorsport/Toyota Corolla) faturou duas.
Com uma vitória cada, completaram a lista Nelson Angelo Piquet (Texaco Full Time/Toyota Corolla), Daniel Serra (Eurofarma-RC/Chevrolet Cruze), Allam Khodair (Blau Motorsport/Chevrolet Cruze), Rubens Barrichello (Mobil Full Time/Toyota Corolla), Bruno Baptista (RCM Motorsport/Toyota Corolla), Diego Nunes (Blau Motorsport/Chevrolet Cruze), Guilherme Salas (KTF Sports/Chevrolet Cruze), Rafael Suzuki (Full Time Bassani/Toyota Corolla), Julio Campos (Crown Racing/Chevrolet Cruze) e Gabriel Casagrande (R. Mattheis/Chevrolet Cruze).
Outro indicativo da paridade da Stock Car foi o fato de que 11 deles chegaram à prova final com chances de título: Camilo, Serra, Maurício, Zonta, Casagrande, Barrichello, Cesar Ramos (Ipiranga Racing/Toyota Corolla), Khodair, Salas, Nunes e Piquet. Esse número caiu para 10 em razão de Casagrande ter testado positivo para Covid-19.
Embora apertada, Thiago Camilo (A. Mattheis Ipiranga Racing/Toyota Corolla) era o líder até a última prova, mas abandonou a decisiva por problemas nos cabos de vela, que gerou a perda de um cilindro. Antes, no sábado, não conseguiu ir além do 17º posto no grid em razão de problemas no câmbio. Não foi seu final de semana, mas caiu de pé. Foi o maior vencedor da temporada (três) e marcou a pole position em quatro oportunidades. Para completar, Chevrolet e Toyota terminaram empatadas, com nove triunfos para cada marca.
Foi um ano de grandes transformações para a competição. A principal foi a mudança de controlador. Por intermédio de um fundo de investimentos, o empresário Lincoln Oliveira adquiriu 100% da Vicar, que antes pertencia à T4F Entretenimento (85%) e ao grupo do publicitário Nizan Guanaes (15%).
Os primeiros reflexos já foram sentidos com a contratação de Fernando Julianelli como vice-presidente de marketing e o novo pacote de comunicação, incluindo o canal aberto da Rede Bandeirantes de Televisão. Sobre esse particular, a estreia aconteceu no domingo de decisão com narração de Luc Monteiro e comentários de Reginaldo Leme. Isso sem contar, evidentemente, com a alteração técnica dos carros e a entrada da Toyota.
Para 2021, a Vicar já trabalha com um calendário de 12 etapas, ainda sem locais definidos. É um planejamento que precisa ser feito, evidentemente, mas que tem o caráter de uma otimista carta de intenções. Isso porque o próximo ano, por mais ansiada que seja a volta do que um dia consideramos normal, chegará no dia 1º de janeiro com um gigantesco sinal de interrogação estampado na “testa”.
Será novamente um desafio realizar o campeonato, agora diante da nova fase da pandemia, que se fortalece, e também a descendente curva da eficiência econômica brasileira. Mas, desafio por desafio, desde 1979 que a categoria não tem vida fácil. Chegou a agonizar, mas não caiu. Essa expertise será fundamental para enfrentar 2021.
Capa/Destaque: Ricardo Maurício – Foto Duda Bairros/Vicar (Interlagos, São Paulo, 13.12.2020)