Renovação de Valtteri Bottas confirma a tendência de manutenção das principais duplas nas equipes de elite da Fórmula 1
Por Américo Teixeira Junior

Salvo alguma ocorrência de caráter absolutamente imprevisível, aos moldes da aposentadoria precoce de Nico Rosberg, a continuidade de Valtteri Bottas na Mercedes eliminou aquele grau de imprevisibilidade que poderia eletrificar a “dança das cadeiras” para 2019. A manutenção do finlandês como teammate de Lewis Hamilton impõe algumas leituras.
A primeira delas é a de que nenhuma sondagem foi forte o suficiente para gerar proposta irrecusável. Conversas sempre existem, nem que seja na base do “passa lá para tomar um café”. Mas daí a jogar um contratão na mesa, vai abismal diferença.
A outra não é exclusiva da Mercedes e reproduz um pensamento fortemente disseminado no paddock. A história da categoria tem escancarado o quão suicida é colocar dois pilotos com a mesma quantidade de “diamantes” em suas cabeças.
Por fim, outra leitura que se faz é a de que os aspirantes ainda não estão prontos. Sob o ponto de vista esportivo, seria uma delícia ver Esteban Ocon peitando Hamilton, Charles Leclerc nos calcanhares de Vettel ou Pierre Gasly botando pimenta na Red Bull. Não há dúvidas sobre competência e merecimento de cada um. São jovens, velozes, aprendem rápido e as respectivas curvas de performance não param de ascender. Mas são tantos os demais quesitos exigidos pela Fórmula 1 do Século 21 que a estrada se alongou demais.
Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça
Enquanto o tetracampeão inglês não quer nenhum parceiro “ligado no 220” a atazanar sua vida na Mercedes, o mesmo sentimento faz Sebastian Vettel declarar “amor eterno” para Kimi Raikkonen. Competentes, rápidos e técnicos, mas sabidamente escudeiros, Bottas e seu compatriota da Ferrari contribuem de forma inestimável para que suas respectivas equipes recebam vultosas quantias de Euros ao fim de cada temporada.
O lado diferente dessa história toda é a Red Bull, mas que de tão diferente coloca a equipe para o mesmo caminho da Mercedes e provavelmente da Ferrari. Os comandados por Christian Horner são ambiciosos, exponencialmente talentosos e com graus não muito diferente de explosividade. Ocorre que, milagre dos milagres, Max Verstappen e Daniel Riccardo cultivam tão elevado grau de harmonia que é preciso pensar quinhentas mil vezes se vale a pena arriscar no desequilíbrio.
Assim, enquanto Mercedes e Ferrari apostam no conservadorismo, a Red Bull já arriscou o bastante com Verstappen. Todas, mais cedo ou mais tarde, sairão da zona de conforto, mas nada indica que seja em 2019.
Considerando a inesperada ida do sorridente australiano para a Renault, teremos um post sobre a silly season? Abraços! Continue com seu trabalho primoso!
Américo, você não acredita no Leclerc no lugar do Kimi para o ano que vem?
Oi Fernando,
Não. Acredito que ainda é cedo e Kimi fica.
Abraço,
Américo