Monegasco de 20 anos é um dos principais astros da nova geração, mas a equipe italiana não tem como prática ceder um de seus carros para a continuidade de um processo de formação
Por Américo Teixeira Junior
Charles Leclerc é uma das principais aquisições da Fórmula 1 nos últimos tempos. Apesar de uma carreira composta por apenas 11 primeiros Grandes Prêmio do ano, o piloto tem provocado “brilhar d’olhos” ao volante no Sauber C37 Alfa Romeo. Sua performance tem sido um pesadelo para Marcus Ericsson, o sueco que compete pelo time suíço pelo quarto ano consecutivo. Difícil não considerar até humilhante o placar de 13 pontos a 5, favorável a Leclerc. Isso sem contar que coube a ele conquistar o título da Fórmula 2 no ano passado. Sim, o garoto é talentosíssimo, mas é substancialmente ilógico imaginar que possa ocupar o lugar de Kimi Raikkonen tão cedo, já a partir de 2019.
Na prática, nada impede que a nova direção da Ferrari demita o campeão mundial de 2007 ao término do atual campeonato e promova de imediato a entrada de Leclerc em seu lugar – ou até uma improvável, mas não impossível, troca de assento entre ambos. Há de ser considerar, porém, o trágico momento de mudança atualmente em Maranello. O agravamento do estado de saúde de Sergio Marchionne, que faleceu ontem (25), já havia provocado a mudanças diretivas no sábado anterior (21) e há outras em curso. Caberá ao novo comando tomar as decisões e, em particular, sobre esse importante quesito.
Há, entretanto, longo histórico da Ferrari em optar prioritariamente pela experiência, inclusive com posicionamento claro sobre quem é o primeiro piloto. Tudo por conta da “obrigação” que a equipe impõe a si mesma de vencer o Mundial. Sobre isso, tem havido falhas.
As derrotas sucessivas estão atravessadas no “pescoço” da “nação” ferrarista. Foi justamente Kimi Raikkonen o último piloto campeão mundial pela Ferrari e, entre os construtores, o finlandês e Felipe Massa garantiram o título de 2008. E nada mais de lá para cá. Foi Massa, aliás, o último “novato” a ser contratado. Mas por “novato” entenda-se três temporadas completas na Sauber e uma como piloto de testes. Só depois dessa fase de aprendizado é que o brasileiro, então com 24 anos e 52 Grandes Prêmios disputados, alinhou ao lado de Michael Schumacher.
A hora de Charles Leclerc vai chegar. E rápido. Mas o caminho a percorrer ainda não chegou na metade para os padrões do time italiano. Duas temporadas de qualidade na Sauber lhe cairiam bem para chegar em 2020 melhor alicerçado para suportar “furacões” e “terremotos” que sacodem a Scuderia de tempos em tempos.