Contratos milionários de esportistas serão incompatíveis com a depressão econômica que bate às portas da principais economias
Por Américo Teixeira Junior

São eloquentes os sinais de que, em tempos de pandemia, os salários dos pilotos de Fórmula 1 sofrerão drásticas reduções. A Ferrari já anunciou ter proposto renovação de contrato com redução de valores para Sebastian Vettel. Na McLaren, Carlos Sainz e Lando Norris perderam parte não revelada de seus vencimentos. Já os pilotos da Williams, George Russell e Nicholas Latifi, receberão pagamentos 20% menores.
Embora esses cortes sejam decorrentes da crise atual, tendem a se transformar em regra e não mais exceção. Diante da necessidade de diminuir despesas, ante a queda vertiginosa de receitas, as equipes de F1 têm muita “gordura para queimar”. Não está em discussão se os ganhos individuais são merecidos ou não. É, sim, uma questão de sobrevivência.
No automobilismo, como um todo, não é novidade a redução salarial de pilotos. Após o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, em 2008, quando as bolsas do mundo todo perderam US$ 4 trilhões somente entre os dias 15 e 18 de setembro daquele ano, os salários dos pilotos da IndyCar, por exemplo, já eram outros em 2009. Se os principais competidores estavam numa faixa entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões por ano, o que se viu foi uma queda percentual de aproximadamente 50%, mantida a partir de então.
Agora, nem o grupo liderado por Lewis Hamilton consegue escapar do caos econômico. Antes de eclodir a crise atual, os “holerites” dos 20 titulares atingiam a cifra de US$ 212 milhões anuais. Como são diversos os contratos que venceriam ao final desta temporada, caso fosse realizada, a redução tende a ser intensificada já nas eventuais prorrogações. Quaisquer que sejam as particularidades de cada negociação, fato é que a pandemia do coronavírus também mudará a política salarial da F1.
Pilotos de F1 – Salários Estimados para 2020*
| Piloto | Salários** | Fim de contrato |
| Lewis Hamilton | US$ 60 milhões | 2020 |
| Sebastian Vettel | US$ 40 milhões | 2020 |
| Daniel Ricciardo | US$ 34 milhões | 2020 |
| Charles Leclerc | US$ 30 milhões | 2024 |
| Max Verstappen | US$ 12.5 milhões | 2023 |
| Kimi Raikkonen | US$ 8.5 milhões | 2020 |
| Valtteri Bottas | US$ 8 milhões | 2020 |
| Romain Grosjean | US$ 2.5 milhões | 2020 |
| Kevin Magnussen | US$ 1.5 milhão | 2020 |
| Sérgio Pérez | US$ 1.5 milhão | 2022 |
| Pierre Gasly | US$ 1.2 milhão | 2020 |
| Lance Stroll | US$ 750 mil | ? |
| Alexander Albon | US$ 650 mil | 2020 |
| Nicholas Latifi | US$ 500 mil | 2020 |
| Lando Norris | US$ 500 mil | 2022 |
| Carlos Sainz Jr | US$ 500 mil | 2021 |
| Daniil Kvyat | US$ 500 mil | 2020 |
| Antonio Giovinazzi | US$ 350 mil | 2020 |
| George Russell | US$ 350 mil | 2020 |
| Esteban Ocon | US$ 350 mil | 2020 |
*Fontes: Forbes e Fórmula Money
**Não inclusos ganhos adicionais como publicidade e prêmios
Capa/Destaque: Lewis Hamilton é líder também em pagamentos anuais – Foto LAT Images/Mercedes F1 (Valência, Espanha, 12.12.2019)