***

Por Americo Teixeira Jr. – Em meio à merecida festa de Danilo Dirani e do chefe de equipe Djalma Fogaça, que venceram a etapa de ontem da Fórmula Truck em Pinhais (PR), o acidente envolvendo Felipe Giaffone e Geraldo Piquet deixou marcas que ultrapassaram os limites da pista paranaense.

Tecnicamente falando, o erro foi de Geraldo Piquet, uma vez que não há questão de performance ou estratégica que justifique a ação de um retardatário sobre um dos líderes da prova. Há de se considerar, sem que isso obviamente justique o erro cometido, o nível de tensão do piloto brasiliense, ávido por tentar minimizar uma corrida promissora, mas perdida num acidente na primeira volta. O Diário Motorsport ouviu os dois competidores.

Felipe Giaffone reafirmou sem meias palavras o que denunciou ainda na pista, dando conta de que Geraldo Piquet batera de propósito. “Para minha surpresa, quando saí do caminhão, estava esperando ele (Geraldo Piquet) inventar uma desculpa e foi quando ele falou: ‘Tirei mesmo, você me deu na largada e agora estamos zerados. Vamos decidir em Brasília‘”, disse Giaffone, acrescentando que pessoas ligadas a Piquet reprovaram a atitude. “Todos da Mercedes vieram se desculpar para mim, falando que a equipe estava extremamente chateada com o acontecido e jamais pediu que ele fizesse isto“, registrou o piloto da equipe Volkswagen.

Já Piquet alegou que não afirmou a Giaffone ter batido de propósito, sendo essa uma suposição do piloto paulista. “É lógico que, de cabeça quente, fui tirar satisfação com ele.  Não tinha o por que ele querer defender a posição se eu estava uma volta atrás. Fui tirar satisfação sobre a primeira curva da corrida, onde ele me jogou para fora. Aí ele concluiu que tinha feito de propósito“, explicou Piquet, que adicionou informação para evidenciar sua posição. “Quem quer tirar alguém de uma corrida, fica lento e espera o carro passar para dar a panca e não recupera todas as posições em uma corrida fantástica de superação“, completou.

Confusão na relargada

Felipe Giaffone considera apenas uma desculpa de Geraldo Piquet atribuir falha aos freios (pelo Twitter, classificou-o de cínico), chegando inclusive a pedir vistoria do item no caminhão Mercedes, após a alegação do piloto adversário. “Na relargada, eu freei o caminhão muito antes do normal para ver se ele iria mergulhar e tentar a ultrapassagem. Ele não veio e não olhei mais para o espelho e tomei o ‘pequeno toque’. Os freios não estavam frios, ele apenas não usou“, explicou.

Geraldo Piquet tem outra visão. “Vinha fazendo uma prova de recuperação. A estratégia era retomar a volta perdida. Depois de onze ultrapassagens, na relargada da última bandeira amarela eu era mais rápido que todos. Fiz o movimento para ultrapassá-lo, mas ele (Giaffone) entrou para fazer a curva. Vinha com os freios frios, mais rápido por ter um caminhão 12 litros e, por último, deixei para frear lá dentro … e aconteceu a batida“.

A decisão em Brasília, marcada para o dia 4 de dezembro, terá como base uma pontuação bem apertada. A liderança de Felipe Giaffone não é folgada, pois soma 96 pontos, contra 89 de Geraldo Piquet. Com chances menores, mas igualmente na disputa, estão Valmir Benavides e Wellington Cirino, respectivamente, com 74 e 68 pontos.