Transferência de pilotos gera atrito entre as federações de São Paulo e Pernambuco

Por Américo Teixeira Junior – As atuais relações entre a Federação de Automobilismo de São Paulo (FASP) e Federação Pernambucana de Automobilismo (FPA) não são confortáveis. Pelo contrário, já foram mais amistosas as conversações entre os respectivos presidentes, José Aloizio Cardozo Bastos e Waldner Bernardo. O motivo é a filiação de pilotos.

Notadamente envolvendo as duas entidades, está havendo uma espécie de trânsito migratório de pilotos do automobilismo brasileiro entre algumas filiadas da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA*). Descolados de uma até então reinante fidelidade às federações de origem, questões econômicas (compare aqui as taxas da FASP e FPA) e políticas estão entre os motivos principais. Tal situação tem provocado troca de e-mails nem sempre gentis entre os mandatários, dos quais fazem parte itens como “ética”, “moral”, “honra”, “leviandade”, entre outros.

O Diário Motorsport pôde constatar que tudo começou em 11 de fevereiro último, quando um ofício da FPA foi enviado para São Paulo solicitando a transferência de 61 pilotos. O quadro de troca de pilotos, em que pese não exclusivo entre as duas entidades, gerou surpresa em razão da quantidade e do procedimento.

No contato com os dois presidentes ficou claro um antagonismo nos procedimentos adotados. Enquanto para a FASP o primeiro passo para uma transferência é o piloto solicitar oficialmente à sua federação de origem, a FPA demonstrou ver de forma diferente, uma vez que enviou a lista em bloco, antes de ter havido as solicitações individuais.

Bastos “Não dá entender …”

É muito normal um piloto ou outro pedir transferência de uma federação para outra por motivo de mudança ou questão de patrocinadores. Mas isso sempre é um pedido do piloto para a federação. Hoje eu tenho aqui pedidos de pilotos que pediram transferência para o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e isso é normal. Agora, nesse caso de Pernambuco, não dá para entender porque o pedido veio da federação e não dos pilotos”, estranhou Bastos, que manifestou suas dúvidas em ofício para a CBA.

O dirigente paulista lembrou que a legislação esportiva brasileira determina que um piloto deve se filiar a um clube, que remete a filiação à federação, que por sua vez oficializa o processo na CBA. “Aqui em São Paulo nós temos essa estrutura completa exigida pela legislação. Nós temos clubes que de fato existem e a federação, com seu corpo de funcionários, funciona normalmente”, explicou Bastos, que ainda aguardava um posicionamento da CBA quando falou com a reportagem.

Bernardo: “Momento de crise…”

O dirigente pernambuco, que também responde pela Comissão Nacional de Velocidade e é o preferido do presidente Cleyton Pinteiro para as eleições de 2017 na CBA, confirmou a solicitação, mas explicou que “inicialmente, esta lista continha 60 pilotos, porém, efetivadas até o momento temos 20 filiações. As demais dependem da intenção de cada piloto, que deve por e-mail manifestar à FASP, individualmente, esta vontade. Destes 60, temos também alguns que já negociaram com a FASP e renovaram na FAU [federação de automobilismo] paulista”, disse Bernardo.

Para o presidente da Federação Pernambucana de Automobilismo, “no momento em que vivemos, de crise e aperto financeiro, os pilotos tendem a procurar valores de filiação mais econômicos”. Contudo, deixou claro que “em momento algum a FPeA ligou para pilotos de São Paulo ou ofereceu condição diferenciada, das mesmas que temos a todos os nosso filiados”. Segundo Bernardo, é sabido que a filiação em São Paulo é mais cara, pois “a FASP e seus clubes têm hoje uma estrutura grande (e) um custo para ser mantidos”.

A legislação

Para ter sua carteira de piloto da CBA e, consequentemente, autorização para participar das competições oficiais – de velocidade no asfalto, kartismo, velocidade na terra, rali e arrancada -, o competidor tem de estar filiado a qualquer um dos entes federativos que formam a entidade nacional.

A absoluta o faz em seu estado de residência, mas essa não é uma regra absoluta e os motivos vão desde os particulares (mudança de endereço, por exemplo) até os comerciais, visto a localização de patrocinadores e a existência de programas de incentivo em diversos estados. Há também, as opções por afinidade ou posicionamentos políticos.

Independentemente de onde esteja filiado, o esportista participa do campeonato que quiser e, em caso de necessitar recorrer de eventuais punições, o faz junto ao tribunal da federação que estiver supervisionando o certame em questão. Porém, a exceção desse caso específico, quaisquer outras necessidades que o piloto tiver terá de buscar atendimento na federação que o filiou.

*Embora solicitada, não houve manifestação da CBA até o fechamento desta matéria.

3 Comments

  1. alexandre 20 de maio de 2016 at 19:38

    Mafias… todos sabem, e ninguém faz nada, automobilismo ta morrendo por causa disso, e ninguém tem coragem de mostrar a podridão, talvez com medo de serem proibidos de entrar em autodromo ou perder patrocinio de alguma coisa.

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  2. Helio Pingo 12 de abril de 2016 at 19:49

    Ah, esqueci, agora entendem o porquê de não aceitarem as LIGAS?

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  3. Helio Pingo 12 de abril de 2016 at 19:45

    A hora tá chegando…. Em tempos de moralidade e justiça financeira, quem pode pode, quem não pode se sacode….

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