Sebastian Vettel: se a F1 perde um piloto, a Resistência ganha um Embaixador

Dentre os poucos vocais do automobilismo, o alemão de 37 anos é um dos principais nomes

Por Américo Teixeira Junior

Ao anunciar nesta quinta, 28, sua aposentadoria após o término da temporada 2022 da Fórmula 1, Sebastian Vettel cumprirá oficialmente um giro de despedida a partir do Grande Prêmio da Hungria, marcado para o domingo, 31, em Hungaroring. Quatro vezes campeão do mundo e vencedor de 53 Grandes Prêmios em 16 temporadas, o alemão nascido em 3 de julho de 1987 deixará aberta importante lacuna não apenas na categoria, mas no automobilismo como um todo.

Não é incomum encontrar pilotos que vivem numa espécie de mundo paralelo, alheios às tragédias próximas ou distantes, valendo-se de uma visão míope para avaliar o mundo que os cercam. Entretanto, mais e mais pilotos se manifestam contra o racismo, em defesa das minorias e do meio ambiente, além da propagação de valores universais como liberdade, fraternidade e igualdade.

Dada sua visibilidade universal, a Fórmula 1 tardou a incorporar tais práticas na sua rotina. Precisou que um negro inglês, alicerçado na sua condição de multicampeão e marcado pelo preconceito sentido na pele desde os primeiros tempos de no kartismo, verbalizasse veemente contra qualquer tipo de preconceito. Mas Lewis Hamilton nunca esteve sozinho nessa luta, pois teve em Sebastian Vettel um parceiro constante e solidário, mas não só. Ele próprio, o atual piloto da Aston Martin, é possuidor de bandeiras próprias, notadamente as relativas à sustentabilidade do planeta.

Para desespero dos reacionários e incredulidade de parcela vazia da elite, Vettel desfila pelos quatro cantos do mundo protestando contra desmandos. Em seu capacete, nas camisetas com as quais circula nos paddocks e nas entrevistas que concede, o protesto está sempre lá. Alguns – poucos, felizmente – preferem chamá-lo de hipócrita, falso ou oportunista. Ocos, nada aprenderam.

Será muito lindo acompanhar as últimas provas de Sebastian Vettel na Fórmula 1 e, melhor ainda, no pós temporada. Se o esporte perde um dos melhores pilotos de todos os tempos, as fileiras da resistência – sim, é preciso resistir, sempre – ganharão um membro ativo, consciente, antenado e amadurecido.     

Fotos fornecidas por Aston Martin F1

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