
Por Américo Teixeira Junior – Nem Christian Fittipaldi, nem Oswaldo Negri, nem Tony Kanaan. Todos esses campeões no Daytona International Speedway transitavam entre a infância e juventude quando Raul Boesel, em 1988, constituiu-se no primeiro piloto brasileiro a vencer a 24 at Daytona.
Foi naquele fim de semana de 31 de janeiro/1º de fevereiro, ao volante do lendário Jaguar XJR-9 da equipe TWR (Tom Walkinshaw Racing), que o ex-piloto da March e Ligier de Fórmula 1 ratificava a sua condição de campeão mundial de Esporte Protótipo ao vencer na Flórida ao lado do holandês Jan Lammers, o inglês Martin Brundle e o dinamarquês John Nielsen.
Predominantemente verde e branco, o Jaguar de Boesel não apenas colocou a marca inglesa entre os vencedores em Daytona, ao completar a maratona em 728 voltas, média de 173,717 km/h. Também interrompeu uma sequência consecutiva de 11 vitórias da Porsche na prova de 24 Horas. O piloto brasileiro, que também faria história na Fórmula Indy, retornaria ainda mais cinco vezes à 24 at Daytona, sem, contudo, repetir o resultado de sua primeira participação.
Mais cansativo que Le Mans
Hoje, afastado do automobilismo e desenvolvendo uma carreira de sucesso no setor de entretenimento, o agora DJ Raul Boesel relembrou para o Diário Motorsport o que foi aquele início de 1988. Na verdade, representou um segundo título consecutivo, pois vinha da conquista do Mundial de Esporte Protótipo no ano anterior, recebera convites de algumas fábricas para ser piloto titular e estava muito acostumado com o carro. Por tudo isso, o que não faltava era motivação.
A Daytona de 1988 foi a segunda prova de 24 horas disputada por Boesel, visto ter estreado nesse modelo de corrida em Le Mans no ano anterior, quando completou a prova em 5º ao lado de Eddie Cheever (USA) e Lammers. Em comparação com a pista francesa, Boesel classifica a norte-americana como muito mais cansativa para o piloto.
“Por ser uma pista bem mais curta, em Daytona você está o tempo todo no tráfego e tem a questão da temperatura, que muda muito do dia para a noite. Em Le Mans, em muitos trechos não tem iluminação artificial, só a dos carros, mas em Daytona, pelo formato da pista, toda a área é bastante iluminada e me lembro que cansava muito a vista”. Raul Boesel
Risco assumido, mas decisivo para a vitória
Raul Boesel participou diretamente de um momento crucial da corrida, que representou uma vantagem significativa para o Jaguar XJR-9 #60. Após registrar o 6º melhor tempo no grid de largada, o time se mantinha entre os primeiros, até que escureceu.
“Eu fiquei muito tempo no carro numa parte da noite porque começou a garoar e o box começou a chamar para trocar pneus. Mas eu achei que dava para continuar com os pneus de pista seca e fiquei na pista por quase uma tanqueada a mais. Isso deu uma grande vantagem para a gente, pois muitos pararam”. Raul Boesel
Ao recordar dessa questão estratégica, Raul lembra também que acabou sofrendo, na pele, as consequências daquela ousadia.
“Quando você está lá no carro não sente, mas eu só percebi o quando aquilo me desgastou quando saí do carro. Estava exausto, arrebentado, mas foi muito importante para a nossa vitória”. Raul Boesel
Carro rápido, mas difícil
Apesar das grandes conquistas com o Jaguar da equipe do falecido Tom Walkinshaw, Boesel revelou que as características do Jaguar XJR-9 não permitiam um pilotar conservador:
“Era um carro maravilhoso e me dava muita satisfação guiá-lo, mas era muito difícil de pilotar. Para conseguir performance, o acerto de suspensão tinha de ser muito duro e tinha muita pressão aerodinâmica, mas era um carro muito rápido”. Raul Boesel

Foto de Capa: Reprodução Site Papo Cabeça
Boesel, uuma lenda do automobilismo brasileiro que infelizmente não tem tal reconhecimento
Eu estava lá . Foi muito emocionante principalmente de madrugada quando Raul recuperou várias posições e nas últimas 2 horas de corrida quando estavam na ponta e não acabava nunca.Parabens Campeão ????
Raul Boesel Meu querido amigo campeáo do mundo .uma pessoa do bem ..um batalhador sempre vencedor Parabens Raul orgulho de todos nós que amamos a velocidade…obrigado Anerico por relembrar essas vitórias esperaculares do Raul