A confusão instalada em Melbourne é ensinamento de como não agir em tempos de crise
Por Américo Teixeira Junior
A pandemia do coronavírus já estava no entorno. Todo mundo sabia que iria se instalar em algum momento. É razoável supor que não faltaram avisos. Mas, enfim, nesta-quinta, 12 de março de 2020, a aparentemente incontrolável tragédia da saúde pública mundial atingiu em cheio o “coração” do automobilismo. E sucumbiu até a Fórmula 1, que em alguns momentos parece viver em outra dimensão e dissociada da realidade.
Tentando aprender com tudo isso e trazendo para o cenário atual do automobilismo, a modalidade no Brasil precisa se antecipar às evidências e administrar de forma planejada, enquanto ainda é tempo. Em qualquer âmbito, o automobilismo brasileiro já tem problemas demais. A estes, inexoravelmente, somar-se-á as consequências pandêmicas em ampliação no território nacional.
Tomando-se como base o que já se viu em outros países, não é impróprio imaginar uma escalada vertiginosa de casos, antes de um recuo – obviamente se tomadas as medidas necessárias por autoridades e população. Não cabe no bolso do automobilismo brasileiro toda uma logística para, horas antes de os carros ingressarem na pista, decidir-se pelo cancelamento ou adiamento.
E que imagem passarão o esporte e seus entes à população em geral, que não a do desrespeito e desconsideração à aflição generalizada? Assim, Waldner Bernardo (CBA), Carlos Col (Stock Car e Copa Truck), Dener Pires (Porsche Cup), demais promotores, federações, clubes e ligas independentes precisam decidir pela suspensão das atividades por algo em torno de dois meses, até o quadro ficar mais claro.
Obviamente que há compromissos e uma medida como essa geraria perdas e transtornos, mas palatáveis diante da necessidade de zelar pela saúde física, mental, financeira e de imagem desse setor da economia que é o automobilismo brasileiro.