Fernando Alonso e Nico Rosberg viveram o desconforto de rivalizar no mesmo nível com o pentacampeão
Por Américo Teixeira Junior

Vencedor do Grande Prêmio da Austrália, Valtteri Bottas precisou alcançar o 119º Grande Prêmio da carreira para viver seu principal momento na Fórmula 1. Apresentou-se de forma aguerrida, totalmente diferente daquele que passou parte de 2018 num “mar de apatia”. Mas esse Bottas revisitado ainda precisa de algumas provas para mostrar se a mudança é definitiva ou apenas um lampejo.
Embora maiúscula a conquista em Melbourne, o finlandês não teve Lewis Hamilton em seus calcanhares. O mesmo já havia acontecido nas três vitórias anteriores, todas obtidas em 2017 (Hamilton foi 4º na Rússia e Áustria; em Abu Dhabi, já era campeão antecipado e não desferiu o ataque esperado).
Partindo da pole, depois de bater o recorde do Albert Park, com 1:20.486 – o anterior era dele próprio, com 1:21.164 registrado no ano passado -, o pentacampeão não teve vida fácil. Para começar, largou mal. Não tracionou como devias e ele próprio chegou a considerar, mesmo que sem muita certeza, a possibilidade de ter liberado a embreagem em descompasso com a aceleração. Lidou também com o desequilíbrio do W10, fruto de um dano no assoalho. A equipe afirmou desconhecer o motivo de faltar um pedaço da peça.
Sem essas condições adversas, Hamilton dificilmente teria deixado de atacar a liderança de Bottas. Mas como “se” não ganha corrida, o finlandês deixou a Austrália com 26 pontos e, muito mais do que isso, revelando uma mudança qualitativa em sua postura.
O grau de vulnerabilidade de um cidadão, às vezes, atinge seu ponto alto sem que possa ser disfarçado, por mais que se tente. Mas Bottas voltou “novo” das férias. Se assim permanecer, a Mercedes viverá tempos conflituosos nesse confronto direto entre os companheiros de equipe.
Olá, Américo, bom dia. Sua análise é excelente. Bottas foi o que foi pelo 2018 que fez. Veio para Austrália um piloto aparentemente carregado de vingança pelas críticas que recebeu ao longo da temporada passada e sua reação no pós corrida mostrou um pouco disso. Mas é como voce disse a respeito do embate contra Lewis: se ele quer mostrar que é um outro piloto terá que se isolar, se fechar num mundo paralelo com seus engenheiros e mecânicos e montar um plano de combate, primeiro ao seu parceiro de equipe, e a seguir, ao restante dos pilotos. Sem isso será facilmente derrotado pelo Hamilton, experiente pelas disputas anteriores. Sem isso o piloto da Austrália será apenas uma história a contar nesse ano de 2019.
Abraços