O piloto italiano Jarno Trulli viveu emoções das mais distintas durante o Grande Prêmio do Bahrain. A alegria pela conquista de sua terceira pole position – a segunda pela Toyota – se transformou em decepção, mesmo com o pódio pelo 3º posto. Sabia ele que nunca esteve tão próxima a chance de a equipe nipônica obter sua primeira vitória na Fórmula 1. Por outro lado, comemorou a evolução representada por três pódios do time em quatro provas, mesma obtida nas três temporadas anteriores. Nessa entrevista produzida pelo Departamento de Imprensa da Toyota, que publicamos na íntegra, Trulli falou de sua campanha humanitária em prol dos desabrigados da região de Abruzzo, devastada no início do mês por uma série de terremotos.
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Tradução Hugo Rzepian Teixeira
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Você ficou feliz com o terceiro lugar na corrida?
Trulli: Para ser honesto, eu fiquei desapontado porque a qualificação foi tão boa e as expectativas eram muito grande, pois nós poderíamos obter a primeira vitória da Toyota. Eu esperava mais do que um 3º lugar. Não era para ser assim. Apesar disso eu consegui fazer a volta mais rápida da prova, o que mostra o potencial do carro.
Essa decepção é um sinal do progresso que a equipe fez?
Trulli: Com certeza. Ficar decepcionado com um 3º lugar é uma grande mudança se compararmos com as temporadas anteriores. Ano passado, meu 3º lugar em Magny-Cours foi um momento muito especial e nas temporadas antes deste pódio era praticamente impossível chegar perto dos primeiros lugares. Para você ver como nós demos um grande passo esse ano. Nós já temos três pódios em quatro corridas e essa é a mesma quantidade que tivemos nas últimas três temporadas juntas.
O que você sentiu ao voltar a fazer uma pole?
Trulli: No sábado foi uma sensação incrível. Não foi uma qualificação fácil para mim porque tivemos um problema com os freios, mas eu sabia que tinha um carro rápido o suficiente para lutar pela pole, então, não desisti. Foi ótimo para a equipe e, pessoalmente, foi muito bom voltar a fazer uma pole position.
O que aconteceu na corrida?
Trulli: Eu perdi a posição para o Timo (Glock) no começo por causa de um pequeno derramamento de óleo. Isso mostrou que o motor não arrancou como deveria. Obviamente teria sido melhor estar na liderança, mas eu tive uma disputa dramática com o Lewis (Hamilton). Nós estávamos roda-a-roda e eu acabei mantendo o 2º lugar. O carro estava muito bom e aí eu fiz a melhor volta da prova na volta 10. Mas na minha primeira parada nos pits nós colocamos pneus médios e fiquei me defendendo daqueles com carros mais leves do que o meu e com pneus super macios. Os outros caras da frente esperaram até o final pra colocarem pneus médios e, provavelmente, foi a decisão certa. Eu fiquei com o Sebastian (Vettel) atrás de mim e na última parada ele me passou. Nós colocamos pneus super macios e eu fiquei mais rápido do que ele. Continuei insistindo, mas não consegui passar. Não funcionou tão bem para nós.
De três pódios em três temporadas para três em quatro corridas, o que mudou?
Trulli: Todos na equipe estiveram trabalhando tanto nesse carro e agora estamos vendo os resultados. Na Fórmula 1 você tem que dar o máximo de si o tempo todo e nós nunca desistimos de lutar. Nossa melhora se dá mesmo pelo trabalho duro de todos. Você também precisa de experiência. Depois de sete temporadas na Fórmula 1, a Toyota tem muito mais experiência, então, nós entendemos como fazer com que um carro seja rápido e como tirar o melhor proveito disso.
Pode a equipe continuar nos primeiros lugares quando a temporada européia começar?
Trulli: Eu acredito que nós temos boas chances, mas é claro que temos de continuar trabalhando duro. Aí é o tempo que irá dizer. O carro é agora muito competitivo e nosso foco está no que estamos fazendo, então, eu tenho certeza de que poderemos continuar lutando na frente. Naturalmente, essas equipes que historicamente são bem sucedidas, mas que enfrentam problemas nessa temporada, são capazes de melhorar. Dessa forma, precisamos continuar nos desenvolvendo e não desistir. Eu tenho fé em minha equipe.
No pódio você demonstrou seu apoio às vítimas do terremoto em Abruzzo. Como está indo a campanha?
Trulli: Está indo muito bem. Como muitas pessoas sabem, eu montei um site – www.abruzzonelcuore.org – para arrecadar dinheiro para as pessoas que estão passando por essa dramática situação. Já conseguimos mais de 17 mil euros. Temos muito apoio por parte de outros pilotos, que ofereceram itens para serem leiloados, e eu continuarei insistindo ao longo da temporada para ver o que eu posso fazer para ajudar. A GPDA está oficialmente apoiando o projeto e também temos muitas pessoas da Fórmula 1 contribuindo.


Foto Toyota