A fisionomia sisuda e de poucos sorrisos pode, eventualmente, dar a impressão de certo distanciamento das pessoas que o cercam. Nada mais errado quando se trata de Roger Penske, dono da equipe que leva seu nome e vitorioso, com Hélio Castroneves, na Indy 500 no último domingo. Helinho costuma dizer que o chefe ri poucas vezes no ano, uma no aniversário e outra quando vence no Indianapolis Motor Speedway (conquista que pode vir também por meio se seu time na Nascar).
Na verdade, a presença e o apoio desde o primeiro momento de seu comandante e dos demais membros da equipe, fizeram da Penske um dos “portos seguros” – poucos, diga-se de passagem – que o piloto teve onde se amparar e reunir forças para enfrentar a enorme “tempestade” que se abateu sobre ele a partir de um indiciamento e posterior julgamento, ambos absolutamente injustificáveis.
O contato entre o piloto e Penske era praticamente diário e, por incrível que parece, houve um dia sem a conversa habitual e, no seguinte, Roger ligou pedindo desculpas por não ter ligado. Estava em viagem e não conseguiu ligar de onde estava.
Em depoimento para os jornalistas presentes em Indianápolis, após a vitória de Helinho, Roger Penske usou para de seu tempo para falar justamente sobre esse ocorrido:
APOIO TOTAL PARA HELINHO
‘Você precisa se focar na sua situação, mas no momento em que nós recebermos a notícia de que você está pronto para voltar, nós teremos um carro para você’
“Nesses últimos meses, a grande questão era: Qual vai ser a resposta final do julgamento? Quando Hélio e eu falávamos quase toda noite, inicialmente falávamos sobre a corrida, mas passamos pelos quatro ou cinco meses conversando sobre o que estava acontecendo. Tim Cindric, eu e nosso patrocinador nos encontramos e falamos sobre isso. Depois nos sentamos com Hélio e dissemos: ‘Olha, nós temos uma situação aqui com a qual temos que lidar. Vamos ficar com você até a resposta final’. Obviamente, quando a temporada ia começar, ele entendeu que nós tínhamos que colocar outra pessoa no carro e nós dissemos: ‘Você precisa se focar na sua situação, mas no momento em que nós recebermos a notícia de que você está pronto para voltar, nós teremos um carro para você’. Foi o que fizemos em Long Beach”.
CRITICANDO A MÍDIA
‘O jeito que a mídia o tratou inicialmente foi deplorável’
“Eu realmente acreditava que o Helio não tinha feito nada de errado. Eu não consegui entender o porquê dele ser indiciado, antes do julgamento. E tudo que eu vi, tudo que saiu na mídia em Miami, dizia que ele era culpado.O jeito que a mídia o tratou inicialmente foi deplorável. Nós só dissemos: ‘Nós estamos aqui com você’. A boa notícia é que Hélio, eu mesmo, a família dele, nunca tivemos dúvidas, então, de novo, a resposta final foi exatamente a que pensávamos que seria”.
LISURA CONTRATUAL
‘Aquele contrato era, nós sabíamos, o contrato certo, e nós lidamos da maneira apropriada’
“Ele foi liberado de qualquer situação e não houve problema porque é preciso entender que nós conhecíamos Hélio, nós tínhamos um contrato com ele. Aquele contrato era, nós sabíamos, o contrato certo, e nós lidamos da maneira apropriada. Tivemos o problema com Greg Moore (NR.: O piloto canadense Greg Moore faleceu em acidente na pista de Fontana, última prova do campeonato de 1999, quando já havia sido anunciado como parceiro de Gil de Ferran, na Penske, a partir de 2000) e Hélio estava lá. Conversamos e ele me disse que não tinha um carro com Carl Hogan (NR.: Carl Hogan, dono da equipe que Helinho defendeu em 1999, anunciou naquele mesmo final de semana que estava fechando as portas, estando o piloto, portanto, desempregado). Assim foi o nosso acordo, repito, da maneira mais apropriada”.
FESTA DE TODOS
‘O triunfo em Indianápolis não é apenas para ele, mas para todos nessa equipe que nunca, nunca, duvidamos dele’
“Há coisas que você não entende, a menos que esteja sentado lá na corte e leia um monte desses documentos que você não vê normalmente. Mas eu posso dizer isso. Nós nunca, jamais, íamos deixar de estar ao lado dele. Está resolvido, e eu acho que o triunfo em Indianápolis não é apenas para ele, mas para todos nessa equipe que nunca, nunca, duvidamos dele. Foi a nossa vitória mais excitante em Indianápolis”.
Matéria criada a partir da tradução da entrevista coletiva da vitória de Hélio Castroneves, Roger Penske e Tim Cindric
Tradução Victor Rzepian Teixeira
Fotos Indianapolis Motor Speedway e Indy Racing League