Pipo Derani e o Daytona International Speedway: Um pódio para chamar de seu

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Depois de Raul Boesel (1988), Christian Fittipaldi (2004 e 2014), Ozz Negri (2012) e Tony Kanaan (2015), Pipo Derani se constitui no quinto piloto brasileiro a vencer a Rolex 24 at Daytona (Fotos José Mário Dias/FG Com)

Por Américo Teixeira Junior – Há pessoas que passam a vida toda em busca de um caminho e constatam desolados, na hora final, que todo o esforço foi em vão, pois não o encontraram. Mas desse mal, que é mais comum do que possa parecer, não sofrerá o jovem Luis Felipe Derani, o Pipo, que ontem entrou para a história do automobilismo mundial com a vitória da equipe Tequila Patrón Extreme Speed Motorsports na 54ª Rolex 24 at Daytona, disputada no circuito misto do Daytona International Speedway.

Em sua estreia na tradicional prova norte-americana de 24 horas, o piloto de 22 anos uniu sua juventude à experiência de seus teammates norte-americanos Scott Sharp (47 anos, 16 participações em Daytona e agora duas vitórias; a primeira foi em 1996), Johannes van Overbeek (42 anos, 15 Daytona) e Ed Brown, 53, que é o CEO da Patrón Spirits Company.

Não é exagero classificar como protagonista da vitória este paulista, filho e irmão de pilotos. De fato, o foi. Essa condição começou a ser evidenciada no Roar, quando foi o autor da volta mais rápida no cômputo de todas as sete sessões preparatórias. Embora seja comum no Roar o chamado “esconder o jogo”, ficou claro desde lá o nível de competitividade do Ligier JS P2 Honda HPD, uma vez que a dobradinha brasileira foi completada por Ozz Negri, que pilota o mesmo conjunto na Michael Shank Racing.

Na prova, além de conduzir o protótipo francês #2 no Qualifying sob pista molhada e ter garantido um lugar regulamentar na primeira fila, Pipo estava no carro na hora da largada, assinalou a melhor volta da corrida (a 6ª de 736 com 1:39.192), esteve ao volante na maior parte das 169 voltas lideradas por sua equipe e, como que para premiá-lo por todo esforço (em que pese a escolha ter sido estratégica), coube a ele receber a bandeirada. A explosão de alegria foi acompanhada de uma avalanche de cumprimentos pelas redes sociais, muitos remetidos por ídolos do automobilismo que já brilhavam quando Pipo não passava de um bebezinho de colo.

Geração pós-Fórmula 1

Pipo Derani faz parte daquela geração que já não vê a Fórmula 1 como único objetivo de carreira – e nem se sente frustrada com aquela sensação derrotista de “nadar, nadar e morrer na praia”. Pelo contrário, essa geração já encontrou destruído o sonho da Fórmula 1 e se colocou na estrada com os pés muito mais no chão, em busca de um profissionalismo baseado nas inúmeras perspectivas internacionais do automobilismo.

Nesse sentido, foi atrás dos desafios, afinal, como disse Dom Helder Câmara, “a vida seria muito monótona sem desafios”. Após estrear no kart com 10 anos, esteve envolvido com monopostos na Europa e Estados Unidos entre 2009 e 2014, ano em que reposicionou a carreira e direcionou esforços para os campeonatos de Endurance.

Foi, viu e venceu. Agora, segue a carreira nesse universo empolgante e crescente das provas de longa duração, credenciado que está e em condições de chamar de “você” parceiros de pódio como Raul Boesel, Tony Kanaan, Christian Fittipaldi e Ozz Negri, brasileiros que já ocuparam o posto que desde ontem é de Pipo Derani.

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O Ligier JS P2 Honda HPD #2, da Extreme Speed Motorsports, completou as 736 voltas da 54ª Rolex 34 at Daytona em 24:00:34.607, com Pipo Derani abrindo e fechando a maratona (Foto José Mário Dias/FG Com)

 

3 Comments

  1. Welington Leal 1 de fevereiro de 2016 at 17:36

    Que mais brasileiros procurem outros caminhos e mostrem que existe vida fora da F1.

    Americo, o no inicio faltou o e do encontraram , saiu “contraram” e a volta se não me engano foi 1:39 e não 1:30.

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    1. Américo Teixeira Junior 1 de fevereiro de 2016 at 18:01

      Obrigado pelo toque, Wellington!

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  2. Zé Maria 1 de fevereiro de 2016 at 14:57

    Começamos o ano com o pé direito!
    E o menino merece, principalmente por haver percebido que existe vida além dessa combalida e moribunda F 1 de hoje.
    Vale também registrar que Barrichello chegou em 2º lugar (favor não considerar brincadeira de mau gosto, ok!).

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