Por Americo Teixeira Jr. – Embora muita gente teime em considerar a Fórmula 1 como a única manifestação legítima do automobilismo, duas realidades transbordam por todos os cantos diariamente. A primeira é que a Fórmula 1, apesar de continuar sendo maravilhosa, apequenou-se ao se render à política – às vezes rasteira – e aos interesses econômicos. A segunda, mais importante e relevante, visto se tratar do único objetivo da vida que é ser feliz, é que existe vida vitoriosa e prazerosa fora da categoria transformada em top mundial por Bernie Ecclestone.
Tudo isso para ressaltar as enormes conquistas de Nelson Angelo Piquet (capa) e de Augusto Farfus Jr. (acima) neste final de semana. Piquet “Jr.”, como é chamado pelos norte-americanos, venceu de maneira absolutamente maiúscula a etapa de Las Vegas da Nascar Truck Series, conquistando a posição de honra numa eletrizante última volta. Já “Ninho” Farfus foi expoente duplo em sua primeira vitória no campeonato alemão de turismo (DTM, em Valência (Espanha), pois coube a ele, com BMW, conquistar a pole no sábado.
“Jr.” esteve na Fórmula 1 e de lá saiu, com o perdão do termo, com um “pé na bunda”. “Ninho” (desculpe, Augusto, mas é impossível chamá-lo pelo nome próprio depois desse vídeo maravilhoso) tentou, chegou muito perto da Fórmula 1, mas foi inteligente e perto o bastante para migrar seu talento e juventude para o Turismo europeu, ao perceber a escassez de opções, e lá se tornou um dos seus expoentes.
Por tudo isso, essas vitórias vão além do esforço pessoal de cada um e suas famílias. Na verdade, firmam-se como símbolos significativos que provam que o caminho da felicidade é plural, não singular. Que os passos devem ser dados enquanto sujeito, não objeto do processo. Relegar-se ao canto escuro e “chupar o dedo” pode ser uma opção, mas “abrir as asas e voar” tem muito mais a ver com a natureza libertária do ser humano na busca da realização.
Fotos DTM e NASCAR
Fazem alguns anos, talvez décadas que ir para fórmula 1 é uma questão muito mais voltada ao financeiro do que ao talento propriamente dito. Não são poucos pilotos brasileiros e estrangeiros que perderam muito tempo e dinheiro investindo nas categorias de acesso apenas para descobrir que não teriam condições financeiras de sentar num fórmula 1. Carreiras estas que poderiam ser recheadas de vitórias, campeonatos e recordes em outras categorias.