Americo Teixeira Jr. – A jovem e vitoriosa trajetória de Felipe Nasr, alicerçada pelos títulos da Fórmula BMW e da Fórmula 3 Britânica, ganha novo impulso com a confirmação de sua presença na GP2, principal categoria de acesso à Fórmula 1, com apoio de patrocinadores brasileiros e na equipe DAMS, organização francesa que tem currículo vasto e o atual título da categoria pelas mãos no Romain Grosjean. Mas o filho de Samir Nasr e sobrinho de Amir Nasr não vai ter vida fácil, podendo se transformar em um verdadeiro inferno se a condução exemplar que sua carreira tem tido for de certo modo atrapalhada pelos interesses que cercam esse momento de ascensão merecida do garotão brasiliense.
Para o negócio Fórmula 1, independentemente de nacionalidade, a presença de ídolos, os chamados heróis do esporte, é algo absolutamente necessário e fundamental. No âmbito brasileiro, então, essa necessidade é quase sinônimo de sobrevivência. O trono está vago desde a morte de Ayrton Senna. Os extraordinários esforços de Rubens Barrichello e Felipe Massa não foram o bastante para que se tornassem campeões mundiais. Os milhões de fãs fervorosos que ambos têm espalhados pelo mundo sabem o que cada um representa para o automobilismo. Mas não foram campeões e, isso, na caixa registradora do negócio Fórmula 1, têm importância relativa.
Com Barrichello com os olhos voltados para a IndyCar, com Massa necessitando trilhar um caminho de volta para um patamar que já ocupou anteriormente e com Bruno Senna representando uma grande incógnita, pode sobrar para Felipe Nasr uma responsabilidade que não é dele, a de ser um herói nacional que reúna a família brasileira, nacionalista e emocionada, diante da tela da TV Globo, em particular, e da mídia como um todo.
Calcados na “escola” da Globo, nós jornalistas temos a mania de cobrar demasiadamente de quem não está preparado para isso. Felipe Nasr tem de trabalhar com tranquilidade, aprender essa nova fase, trilhar seu caminho de forma segura e saborear cada conquista com o real valor que cada uma tem. Um herói nasce naturalmente, é forjado no esforço e na dedicação, tudo isso envolto em muito, muito talento. Felipe Nasr pode ser esse herói que é buscado desde aquele 1º de maio de 1994.
Mas, para isso, o menino precisa trabalhar com calma, sem cobranças indevidas, sem comprometimentos desmedidos. Por tudo que já mostrou, está num estado de diamante sendo lapidado. Mas, por favor, não atrapalhemos o que vem funcionando tão bem. Vamos cobrar a presidenta Dilma, os governadores, os prefeitos, os deputados e os vereadores. Esses, sim, precisam ser cobrados sempre, mas não um garoto que luta para fazer sucesso na profissão que escolheu. Então, todos nós (imprensa em geral, incluindo a Rede Globo, e a torcida), deixemos que ele trabalhe e não vamos encher o soco de Felipe Nasr.

Este moleque anda muito bem e só precisa chegar de fininho como estão fazendo.
Caro Americo
Concordo integralmante com seu brilhante texto
Boa sorte ao Felipe !!
forte abraço do amigo
Aguia
Apoiado. A pressão que estão criando só piora as coisas, exemplos recentes não faltam.