Mark Webber, o 100º piloto a vencer na Fórmula 1, revela todas as suas emoções

Mark Webber estreou na Fórmula 1 no Grande Prêmio da Austrália de 2002, correndo pela Minardi (Foto Vladimir Rys Bongarts/Getty Images/Red Bull Racing)
Mark Webber estreou na Fórmula 1 no Grande Prêmio da Austrália de 2002, correndo pela Minardi (Foto Vladimir Rys Bongarts/Getty Images/Red Bull Racing)

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Tradução Victor Rzepian Teixeira

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O australiano Mark Alan Webber, nascido em 26 de agosto de 1976, desde o último domingo faz parte do seleto grupo de pilotos vencedores de Grandes Prêmios de Fórmula 1. Desde a criação da categoria, em 13 de maio de 1950, ele se constituiu no 100% competidor a conquistar tal honraria. Tendo passado por Minardi, Jaguar e Williams, antes do ingresso na Red Bull, em 2007, foram necessárias 130 corridas e quase 7,5 anos de Fórmula 1 para obter tal feito. Nesta entrevista realizada pelo serviço de imprensa da Red Bull Racing, que do Diário Motorsport apresenta na íntegra, Webber fala deste grande momento de sua vida.

Como estão sendo a sensação da sua primeira vitória na Fórmula 1?
MARK WEBBERFoi um dia muito especial. Pessoalmente, para mim foi muito bom. O fato de a equipe também ter conseguido outro lugar no pódio, 1º e 2º, parece ter sido ignorado, mas isso também foi muito importante. Nós tiramos o máximo das últimas duas corridas, nas quais nós não poderíamos ter feito melhor. Eu tinha dois 2º lugares, então, sabia que o momento estava comigo. É simplesmente ótimo finalmente conseguir a vitória.

No sábado, depois de conquistar a pole position você disse: “Agora nós vamos tentar tirar esse macaco das minhas costas”. O sentimento de alívio é mais intenso que o de vitória?
MARK WEBBERIsso provavelmente é verdade. Eu disputei várias corridas e, na grande parte delas, não tive chance de vencer porque o carro não era capaz e também porque havia um cara chamado Michael Schumacher. Naquela época, você tinha de estar numa Ferrari ou numa McLaren. Agora, nessa nova era da Fórmula 1, há outras equipes na disputa e estou muito feliz com a Red Bull Racing. Significa que nós estamos em posição de disputar pódios e vitórias em todos os Grandes Prêmios, se fizermos as coisas certas.

Você teve quase 100 mensagens lhe desejando sorte antes da corrida. Isso lhe causou mais tensão?
MARK WEBBEREu tinha por volta de 90 logo depois de me qualificar e talvez uns 160 depois da corrida. Não sabia que tanta gente tinha meu número! Mas, para ser honesto, estava bem relaxado indo para a corrida. Estava desejando que não chovesse, pois isso significaria menos decisões para tomar. Senti que nós tínhamos os carros da Brawn sob controle e que a minha verdadeira preocupação seria Sebastian (Vettel) em algum momento na corrida. Então, a ficou bem intensa com pilotos com Heikki (Kovalainen) na disputa e a minha punição do drive-through. Mas depois da volta 40, sabia que tinha que me manter ali e levar o carro para casa.

Alguns corredores – Mansell e Hakkinen, por exemplo – levaram muito tempo para vencer a primeira prova na Fórmula 1, mas depois disso eles foram incontroláveis. Levando-se em conta que eles obviamente tinham carros competitivos, você sente que uma porta se destrancou e que ganhar pode ficar mais fácil agora?
MARK WEBBER – Eu cruzei agora as águas inexploradas da pole position e de uma vitória, então, isso só pode ajudar. Não pode ser um contra tempo, isso é certeza. Liderar e não ser o perseguidor foi uma novidade para mim. Eu espero que o momento do carro continue, mesmo que não haja dúvidas de que haverá corridas difíceis pela frente. Mas conseguir essa primeira vitória significa que as corridas talvez pareçam mais simples para mim.

Você voou de volta ainda no domingo para casa. Houve alguma celebração?
MARK WEBBERAcho que eu meio que cometi um erro de garoto colegial. Nós voltamos para o Reino Unido no final da noite de domingo e o ponto negativo foi que a Austrália estava acabando de acordar. Então, naquele período em que estava tendo de lidar com toda a imprensa na Europa, não estava fazendo isso com o meu próprio continente natal. Depois, fiquei acordado quase a madrugada toda enquanto tanta gente entrava em contato comigo para me parabenizar. Eu não consegui desligar meu telefone e certamente foram poucas horas de sono.

Logo na segunda-feira você foi à fábrica da Red Bull Racing. Que tipo de recepção você teve?
MARK WEBBERFoi incrível. Como uma introdução, eles colocaram a gravação do meu rádio enquanto cruzava a linha de chegada. Não tinha percebido por quanto tempo eu fiquei gritando. A resposta foi incrível. Ainda há muitas pessoas na fábrica com quem eu tinha trabalhado nos meus dias de Jaguar e nós passamos por muita coisa juntos.  Também há muitas pessoas novas que não estiveram na Fórmula 1 por muito tempo. Elas estão no início de uma incrível jornada. Como uma equipe, como um grupo de pessoas trabalhando juntas, incluindo as da Renault, tudo que Dietrich (Mateschitz) fez, e Adrian (Newey) com o grupo dele e Christian (Horner), nós finalmente destrancamos a porta do sucesso. Os últimos anos foram certamente difíceis, mas agora nós claramente fizemos o máximo com as novas regulamentações e mostramos que somos uma equipe que pode lutar na frente.

Houve uma reação enorme na Austrália. O país todo é louco por esportes, não é?
MARK WEBBERSim, é preciso trabalho para chegar às primeiras páginas dos jornais lá, mas eu estou nelas e esse é um ótimo sentimento também. É bom para a Red Bull e é verdade que, na Austrália, se um dos seus esportistas conquista algo no cenário internacional, ele ou ela é reconhecido.

Houve muita conversa semana passada sobre Sir Jack Brabham. Você soube dele depois da corrida?
MARK WEBBERSim, recebi um e-mail dele e do filho, David, que foi ótimo. A família Brabham sempre foi fantástica comigo. Eu lembro, quinze anos atrás, Jack me dizendo que ele sempre achou ótimo vir aqui e vencer aqueles europeus, mesmo que ele não falasse isso de uma maneira tão diplomática assim! Certamente uma pequena parte da minha vitória se deve a Jack, porque meu pai foi um grande admirador dele e provavelmente eu não estaria correndo sem Jack acender aquela pequena chama na família Webber.

Você se lembra que pensamentos passaram pela sua cabeça enquanto você dirigia de volta para os boxes após a bandeirada?
MARK WEBBERHavia dois pensamentos principais: eu queria ver minha equipe. É sempre a primeira coisa que você quer fazer. A volta “da vitória” é ótima, mas você está realmente se arrebentando para voltar e ver os caras. A outra coisa, queria ouvir o meu hino nacional australiano.

Antes da corrida, você disse que se estivesse liderando, pareceria a mais longa de todas. Foi mesmo?
MARK WEBBERFoi bem normal na verdade. Ou talvez só durante as voltas 40 a 47, quando o céu ficou escuro, eu pensei: “merda, vai chover”. Queria acelerar um pouco aquele momento porque eu não queria que tivéssemos que tomar mais nenhuma decisão. As últimas duas voltas não duraram tanto. Foi bom na verdade e eu fiquei surpreso com o quão relaxado eu me senti, controlando a corrida até a bandeira.

Há apenas um ponto e meio entre você e seu companheiro de equipe. Como acha que vocês dois vão lidar com isso?
MARK WEBBERA parte boa é que é incrivelmente simples. Tudo que os pilotos e a equipe têm que fazer é se animar e tentar fazer o melhor trabalho possível. Além disso, há outros rivais misturados no meio daquilo, então, não é só uma luta direta entre eu e Sebastian (Vettel). Não é realista esperar que façamos dobradinha em todos os próximos Grandes Prêmios. Para a equipe é uma incrível posição ter os dois corredores com virtualmente pontos iguais, o que é muito bom para o Campeonato de Construtores. Jerson (Button) é o nosso grande obstáculo, já que ele está na liderança em termos de pontos.

Depois de corrida, seu pai disse: “Esse é o maior dia da minha vida”. Então se corrigiu e adicionou “pelo menos igual a uns outros dois”. Como você resumiria o modo como ele ajudou na vida e na carreira?
MARK WEBBEREle tem sido incrível. Particulamente nos primeiros dias, porque quando você é muito jovem, nos seus primeiros anos de adolecente, você não pode tomar todas as grandes decisôes por conta própria e precisa de apoio. Meu pai sempre disse: “Eu não ia querer que você dirigisse táxi e acho que os melhores corredores de carros do mundo estão monopostos”. Então, esse foi sempre o caminho que nós seguimos. Eu percebo o quão equilibrado ele foi comigo no passado. Quando eu estava fora do carro, em termos de total ausência de pressão, ele disse para eu ir e fazer o meu melhor. Ele nunca teve nenhum problema com os caras com quem eu estava correndo, como alguns dos outros pais sanguinolentos podem ter. Ele não se envolve fortemente e esse foi sempre seu estilo. É claro que ele está orgulhoso, mas ele sempre me deixa prosseguir com a coisa e foi bom ter ele ali naquele dia especial.

O histórico 12 de julho de 2009, dia da primeira vitória de Mark Webber, em Nurburgring ((Foto Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Racing)
O histórico 12 de julho de 2009, dia da primeira vitória de Mark Webber, em Nurburgring ((Foto Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Racing)
Tudo deu certo para Mark Webber no Grande Prêmio da Alamanha, onde conquistou também sua primeira pole position (Foto Clive Mason/Getty Images/Red Bull Racing)
Tudo deu certo para Mark Webber no Grande Prêmio da Alamanha, onde conquistou também sua primeira pole position (Foto Clive Mason/Getty Images/Red Bull Racing)
Festejando ao lado de seu pai, Alan Webber, o principal incentivador de sua carreira e fã de Jack Brabham (Foto Clive Mason/Getty Images/Red Bull Racing)
Festejando ao lado de seu pai, Alan Webber, o principal incentivador de sua carreira e fã de Jack Brabham (Foto Clive Mason/Getty Images/Red Bull Racing)

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