Lucratividade é fator que garante o GP do Brasil

Aspecto do paddock de Interlagos após o GP do Brasil de 2010 (Foto AMERICO TEIXEIRA JR.)

Por Americo Teixeira Jr. – Nem as tentativas de assalto a membros da Fórmula 1, nem as dificuldades de acesso proporcionadas pela Avenida Interlagos, nem o paddock sem condições de abrigar as equipes e convidados. Nada disso tem relevância para colocar em risco a realização do GP do Brasil no Autódromo Municipal José Carlos Pace. A ameaça só existirá, de fato, se deixar de ser atraente em seu resultado financeiro.

Embora esses números não sejam oficialmente conhecidos, vários aspectos fazem da prova brasileira algo importante para o negócio Fórmula 1. Vende-se – e rápido – qualquer quantidade de ingressos que for disponibilizada e independentemente do preço, há o enorme apelo corporativo pelo fato de ser a única prova nesse lado do mundo, a diferença de moeda faz com que os custos aqui sejam mais acessíveis para quem vem da Europa e, principalmente, a corrida de Interlagos está inserida no pacote mundial de publicidade vendido pela Formula One Management.

Some-se a isso o fato de a pista ser segura, a parceria com a prefeitura de São Paulo e Rede Globo ser muito profícua, a organização da International Promotion ser saudada como uma das melhores do mundo e Interlagos oferece ingredientes que quase sempre impedem corridas monótonas. Claro que há também o aspecto tradição e a boa visibilidade gerada pela mudança de datas para o final da temporada.

Mas alguns desses itens estão na periferia do único fator realmente importante. Se tradição contasse, as potências árabes e asiáticas estariam até agora na fila por uma vaga na Fórmula 1. Mas como são importantes para o negócio, lá estão firmes e fortes, enquanto se apresentarem como tal.

Então, a manutenção do Brasil no calendário não está condicionada à construção de um paddock gigantesco, caro e com reflexos no funcionamento do autódromo durante praticamente todo o ano de 2011. Se essa obra de fato acontecer, facilitará a vida de quem vem para cá uma vez por ano e mesmo no âmbito local. Caso contrário, continuará sendo um problema para a Fórmula 1, mas a conseqüência para o futuro da prova será zero, a menos que venha acompanhada de queda nos dividendos.

Se o GP do Brasil deixar de ser economicamente interessante, não haverá paddock que garanta a corrida em Interlagos, nem que seja de ouro. E se deixar São Paulo, a Fórmula 1 sairá em definitivo do país, pois não haveria outro local para fazer a corrida.

2 Comments

  1. Flavio Perillo 13 de dezembro de 2010 at 9:39

    Interlagos já foi odiado em 1980 e hoje é amado pelo pessoal da F1. Sempre que não tem o que falar Mr. Bernard Ecclestone fala que Interlagos tem essa ou aquele problema, que precisa melhorar a infraestrutura, coisa e tal.
    Mesmo tendo uma certa dose de sorte, algumas mudanças devem ser feitas para o ano que vem. A torre por exemplo é muito ruim para a F1, apertada, sem elevadores (imagine Charlie Witing subindo e descendo 3 andares de hora em hora), realmente é um ponto que todos reclamam e agora os boxes também estão pequenos para tanta “porcaria” que as equipes trazem.
    Com certeza as reformas programadas devem levar em consideração esses pontos deficientes e teremos Interlagos por mais alguns anos.
    Assim esperamos.
    Abraços.

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  2. fernando amaral 11 de dezembro de 2010 at 20:37

    Muito bom, Américo, direto ao ponto. E mesmo, com alguma dose de audácia, pois é o primeiro jornalista que vejo afirmar, com firmeza, que a questão do paddock obsoleto não é fundamental para a permanência (ou não) do Grande Prêmio.
    Que, bem lembrado, deixando Interlagos, significaria a F1 deixar a América do Sul – e causaria também o desaparecimento do sexagenário autódromo paulistano.
    Também certeira a observação da importância da muito favorável condição econômica do Brasil e do Real valorizado no favorecimento à realização dos GPs em S. Paulo.
    Imagino é se mr. Ecclestone não sonharia com a efetivação de ver a F1 tornada um esporte olímpico,como ele tanto deseja, na época dos Jogos de 2016 (embora estes venham a acontecer no Rio de Janeiro).

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