Brigas e indefinições fazem supor um 2017 muito difícil para as corridas de caminhões no Brasil
Por Américo Teixeira Junior
Quaisquer que sejam as negociações entre Neusa Navarro, presidente da Fórmula Truck, e o presidente eleito da CBA, Waldner Bernardo – e, deste, com eventuais outros promotores interessados em assumir um campeonato de caminhões -, fato é que a categoria corre enorme risco. Pode permanecer no calendário, mas sem a menor proximidade com o sucesso que marcou a criação de Aurélio Batista Félix.
Por erros de ambas as partes, foi um desastre o relacionamento entre a Fórmula Truck e a CBA em 2016, culminando com o grotesco espetáculo de amadorismo havido com – e após – a divulgação do calendário 2017. Enquanto a categoria apresentava um calendário sem aval da CBA, a entidade abria uma licitação, para a escolha de um novo promotor, com o prazo de cinco dias úteis. Tudo isso foi resultado dos respectivos erros de avaliação.
A direção da Fórmula Truck considerou que, ao correr no Uruguai e Argentina, poderia ignorar a CBA e homologar o campeonato sul-americano diretamente na Codasur. Constatou que não poderia, pois se trata de uma categoria brasileira, eventualmente com provas nos países vizinhos.
Já a direção da CBA, da mesma forma, achou que poderia passar a Fórmula Truck para outro promotor. Constatou que não poderia, uma vez que a categoria tem dono e esse dono não é a CBA. Pode até homologar um outro campeonato de caminhões, nas não tem poderes de dispor da Fórmula Truck como bem desejar, muito menor registrar algo incluindo esse nome, como tentou.
Na quinta, 16, o presidente eleito esteve em São Paulo com o tema Fórmula Truck na agenda. Após diversas reuniões, um quadro começou a ficar mais claro, com iminente anúncio para os próximos dias. E dificilmente o certame sairá das atuais mãos – afinal, quem seria “louco” de assumir um compromisso dessa envergadura no atual momento? Só que, uma decisão dessas, em pleno fevereiro, é tardia. Fatal, ou quase.
Se sob o ponto de vista de negociação esse quadro todo foi desastroso, em termos de negócio se assemelha a uma tragédia. Os resultados da indefinição – e de confrontos internos havidos ao longo da temporada passada – são equipes fechadas, pessoal técnico e de apoio desempregado, falta de elementos concretos para que pilotos possam negociar patrocinadores, empresas impossibilitadas de decidir em favor da categoria quando da destinação de suas verbas, pilotos migrando para outras categorias e muito mais.
Assim, diante de tudo isso, a Fórmula Truck terá de recomeçar com uma parceria sólida entre a família Navarro e a CBA. É até irônico mas, hoje, uma depende da outra, por mais que tenham estado em lados opostos. Dona Neusa Navarro não deixará escapar de suas mãos o trabalho de uma vida. Já Waldner Bernardo não poderá começar sua gestão com a perda de uma categoria como a Fórmula Truck.
O recomeço não será do zero, uma vez que a Truck tem uma importante história de 20 anos, mas necessariamente sob nova ótica e com os pés numa nova e certamente mais difícil realidade.
Oi
Boa noite
Grande texto Americo, real e profundo, parabéns
Que bom ver um comentário do Francisco Santos. Foi quem deu o primeiro passo para a corridas de caminhões no Brasil. Fiz a assessoria de imprensa naquela prova, aqui em Cascavel. Quem faleceu no acidente foi Jefferson Ribeiro da Fonseca. O Aurélio participei.como piloto com o caminhão 5. Acompanhei tudo isso de perto. Depois, eu, o já falecido Delci.Damian compramos a briga e embarcamos no sonho do AURÉLIO PA legalização das corridas de caminhões no Brasil, pressionando o Gehring, então presidente da Federação Paranaense, a permitir as corridas no Paraná. O Milton Sperafico, vice-presidente da Federação Paranaense, e Valmir Weiss segundo você, também entraram na luta pressionando o Gehring. Em seguida ingressaram na luta o Roberto Cirino e o também já falecido Gerson Marques, membros do Conselho Fiscal da Federação Paranaense. Transformado a empresa do Damian no escritório do Aurélio. Saiu a corridas. A partir daí o Damian, Cirino e Gerson foram para o Rio Grande do Sul, ajudar o Aurélio a organizar as corridas por lá. Estes foram os primeiros passos. Ninguém contou, eu vivi está parte da história.
Realmente é muito triste que uma categoria criada no Brasil por mim, com a sua primeira corrida na América do Sul, em Cascável – Copa Shell de Caminhões – , de 4 a 6 de setembro de 1987, seja novamente marcada pelo amadorismo crónico dos dirigentes de automobilismo.
Já a sua novel primeira corrida foi marcada pelo acidente mortal de um dirigente da CBA que impôs a sua participação como piloto para, segundo ele, observador da CBA a essa prova, “poder avaliar melhor o potencial da categoria, e classificar o nível da organização por dentro da competição”.
Infelizmentde para ele, para a prova e para a categoria – banida pela CBA por “falta de segurança” – o caminhão que ele pilotou não estava legal, faltando-lhe o “Santo António”. Por outro lado também ao “piloto” faltava experiência para lidar com os requisitos de um caminhão em pista.
Coise que eu – piloto de competição com 10 anos de experiência em ralis e pista – jamais me atreveria a fazer de modo tão fútil.
Depois desta experiência inovadora, o Aurélio Félix faliou comigo para nós os dois relançarmos a categoria. Apesar da sua insistência, declinei o convite e o encitamento. Depois das insinuações tremendamente injustas da CBA naquela época de que organizadores e promotores dessa corrida haviam sido incompetents, sobretudo no aspecto de segurança resolvi abandonar a minha atividade de promotor no Brasil, depois de 10 anos a dar vida aos Ralis Internacionais, aos Enduros das Praias e a provas de moto em Interlagos.
Sem experiência prévia como promotor, Aurélio, com a sua tremenda vontade de levar por diante uma categoria que o encantou desde essa primeira corrida em Cascavel – em que participou como piloto – foi um excelente empreendedor, com a sua garra e dinamismo. Nem a CBA conseguiu estragar uma das mais bem sucedidas categorias do desporto motorizado no Brasil.
Espero que a nova Direção da CBA consiga redimir a entidade dos seus erros passados cujo peso foi esteve a condizer com o destas maravilhosas máquinas que ofereceram ao público e à TV brasileira momentos inesquecíveis de competição.
Os problemas a ultrapassar não serão de molde a impossibilitar um acordo entre promotores e a ADN-Autoridade Desportiva Nacional se houver bom senso de todas as partes. Discordo que a nova Presidência da CBA “não possa começar sua gestão com a perda de uma categoria como a Fórmula Truck”. Até porque a CBA sempre pode tudo… Basta ver a situação atual do automobilismo brasileiro que não pode ser lavada apenas à conta dos problemas económico-político-sociais do Brasil.
Seria, isso sim, uma excelente oportunidade para Waldner Bernardo , o novo Presidente da CBA – que ainda não tive o prazer de conhecer – mostrar ao que vem. Espero que seja mudra a atuação da CBA, em prol do automobilismo brasileiro, dos seus concorrentes, pilotos, profissionais da área e espectadores. Incentivando as categorias de promoção de base, desde o kart cuja situação atual, Segundo tive notícia deste lado do Atlântico, é deplorável, tendo em atenção qie é ou deve ser o berço de toda a atividade do automobilismo desportivo como os Fiitipaldi, Piquet, Moreno, Senna e tantyos outros vêm demonstrando. Para esquecimento – parece – dos dirigentes, que deviam ser os primeiros a incentivar, acarinhar, promover. Algo que é – eu sei pelar experiência de 50 anos neste meio – bastante estranho para quem determina os destinos do esporte.
Espero que agora possa estar totalmente errado.
Francisco Santos
Ex-piloto, ex-promotor. Jornalista e editor de automobilismo desde 1963.
Francisco Santos, um Português que teve coragem de nos ( Caixinho e eu) para uma prova do WRC 1982 na Europa. Bancou nossa participação, pois à época o envio de numerários para fora do País deveria ser através da CBA, a CBA trancou por mais de 150 dias. Arrumou a Equipe Publi Racing de João Anjos. Corremos, fomos segundo lugar no Grupo Dois, Décimo na Geral, único ponto de uma dupla Brasileira n’além mar até hoje. Obrigado Amigo Chico. Corri na FTruck por 8 anosa,,conheço por dentro está brinca. Abraços
Isso porque o “novo” presidente da velha gestão, nem assumiu ainda.
Na briga de egos e amadorismo de ambos os lados como muito bem escreveu o Américo, q se ferrem pilotos e equipes, mas oras bolas, pra q necessitamos de pilotos ou equipes?
Devem pensar ilustres cabeças !