domingo, outubro 6, 2024

Fórmula Truck versus CBA: Um “exemplo” de amadorismo

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Brigas e indefinições fazem supor um 2017 muito difícil para as corridas de caminhões no Brasil

Por Américo Teixeira Junior

Bonita, popular, competitiva, mas em crise. Essa é a Fórmula Truck que terá de se reinventar em 2017 para voltar a ser grande (Fotos Rodrigo Aguiar Ruiz/RRMedia)

Quaisquer que sejam as negociações entre Neusa Navarro, presidente da Fórmula Truck, e o presidente eleito da CBA, Waldner Bernardo – e, deste, com eventuais outros promotores interessados em assumir um campeonato de caminhões -, fato é que a categoria corre enorme risco. Pode permanecer no calendário, mas sem a menor proximidade com o sucesso que marcou a criação de Aurélio Batista Félix.

Por erros de ambas as partes, foi um desastre o relacionamento entre a Fórmula Truck e a CBA em 2016, culminando com o grotesco espetáculo de amadorismo havido com – e após – a divulgação do calendário 2017. Enquanto a categoria apresentava um calendário sem aval da CBA, a entidade abria uma licitação, para a escolha de um novo promotor, com o prazo de cinco dias úteis. Tudo isso foi resultado dos respectivos erros de avaliação.

A direção da Fórmula Truck considerou que, ao correr no Uruguai e Argentina, poderia ignorar a CBA e homologar o campeonato sul-americano diretamente na Codasur. Constatou que não poderia, pois se trata de uma categoria brasileira, eventualmente com provas nos países vizinhos.

Já a direção da CBA, da mesma forma, achou que poderia passar a Fórmula Truck para outro promotor. Constatou que não poderia, uma vez que a categoria tem dono e esse dono não é a CBA. Pode até homologar um outro campeonato de caminhões, nas não tem poderes de dispor da Fórmula Truck como bem desejar, muito menor registrar algo incluindo esse nome, como tentou.

Na quinta, 16, o presidente eleito esteve em São Paulo com o tema Fórmula Truck na agenda. Após diversas reuniões, um quadro começou a ficar mais claro, com iminente anúncio para os próximos dias. E dificilmente o certame sairá das atuais mãos – afinal, quem seria “louco” de assumir um compromisso dessa envergadura no atual momento? Só que, uma decisão dessas, em pleno fevereiro, é tardia. Fatal, ou quase.

Se sob o ponto de vista de negociação esse quadro todo foi desastroso, em termos de negócio se assemelha a uma tragédia. Os resultados da indefinição – e de confrontos internos havidos ao longo da temporada passada – são equipes fechadas, pessoal técnico e de apoio desempregado, falta de elementos concretos para que pilotos possam negociar patrocinadores, empresas impossibilitadas de decidir em favor da categoria quando da destinação de suas verbas, pilotos migrando para outras categorias e muito mais.

Assim, diante de tudo isso, a Fórmula Truck terá de recomeçar com uma parceria sólida entre a família Navarro e a CBA. É até irônico mas, hoje, uma depende da outra, por mais que tenham estado em lados opostos. Dona Neusa Navarro não deixará escapar de suas mãos o trabalho de uma vida. Já Waldner Bernardo não poderá começar sua gestão com a perda de uma categoria como a Fórmula Truck.

O recomeço não será do zero, uma vez que a Truck tem uma importante história de 20 anos, mas necessariamente sob nova ótica e com os pés numa nova e certamente mais difícil realidade.

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