
(Vinhedo-SP, por Américo Teixeira Jr.) Se enquanto fornecedora de motores a Mercedes-Benz tem uma vasta e vitoriosa história na Fórmula 1, como equipe é ainda uma novata. Mas isso não se refere unicamente ao fato de a empresa alemã ter comprado a Brawn GP, fazendo da campeã mundial de 2009 a Mercedes Grand Prix, como foi anunciado no último dia 13 de novembro. Na verdade, quando Nico Rosberg e seu novo companheiro de equipe (ainda não anunciado, mas que segundo o jornalista brasileiro Lito Cavalcanti será Kimi Raikkonen) alinharem na abertura do Mundial de 2010, no Bahrain, estará sendo retomada uma trajetória na Fórmula 1 que compreendeu os anos de 1954 e 1955.
Foi um período em que o Mercedes-Benz W196R, nas versões monoposto de competição e streamliner (monocoque com carroceria conversível), “pintaram” de prata as pistas da Europa com os pilotos Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Klaus Kling, Hans Herrmann, Hermann Lang e Hans Klenk. Entretanto, as nove vitórias, oito poles e nove melhores voltas em 12 Grandes Prêmios não foram o bastante para impedir que a equipe se retirasse do Mundial após a etapa realizada em Monza, no dia 11 de setembro de 1955.
A saída se deveu ao acidente durante a edição de 1955 da prova 24 Horas de Le Mans, na qual morreram o piloto francês Pierre Levegh, que competia pela Mercedes, e mais 86 espectadores. Juan Manuel Fangio e Stirling Moss formavam a dupla de outro modelo 300SLR. Moss estava na pista, liderando, quando o diretor da equipe Alfred Neubauer ordenou o abandono da prova em respeito aos diversos homens e mulheres mortos naquela que é conhecida como a maior tragédia da história do automobilismo. O acidente também foi o responsável pelo governo da Suíça ter banido o automobilismo de seu território, naquele mesmo ano.
Mas enquanto esteve nas pistas, a Mercedes foi soberana. Naqueles primórdios da Fórmula 1, o título era apenas para pilotos. Somente em 1958 passou a ser disputado o Mundial de Construtores. Nos primeiros anos da categoria alinharam carros Ferrari, Alfa Romeo, Maserati, Talbot, Gordini e Lancia (sem contar os carros inscritos na Indy 500, prova que entre 1950 e 1960 fez parte do calendário).
ESTRÉIA NA FRANÇA – Marca tradicional no circuito do chamado Grand Prix (provas avulsas, que não contavam pontos para campeonatos), a Mercedes só ingressou na Fórmula 1 em 1954, mais precisamente na quarta etapa do ano, em Reims, França, no dia 4 de julho.
Para aquela prova a Mercedes inscreveu três W196 streamliner para o argentino Fangio (que até a prova anterior corria pela Maserati), e os alemães Klaus Kling e Hans Herrmann. A pole e a vitória de Fangio, seguido por Kling nas duas atividades, davam bem o tom do potencialmente vencedor conjunto técnico alemão. Embora na prova seguinte, em Silverstone, a Ferrari tenha dado o troco com a dobradinha do argentino José Froilán González e do inglês Mike Hawthorn, ambos com Ferrari 625, Fangio venceu consecutivamente as três corridas posteriores: Alemanha, Suíça e Itália.
Cada uma dessas três disputas teve um significado especial. Em Nurburgring a equipe estreou o modelo W196 monoposto. Como o regulamento considerava os cinco melhores resultados, dentre os nove disputados, Fangio foi campeão pela segunda vez (dentre os cinco títulos que acumularia ao longo de sua carreira) já em Brengarten, na região de língua alemã do território suíço. Em Monza, diante da torcida ferrarista, fez a pole e venceu com uma volta de vantagem para Hawthorn, o 2º colocado.
Já em 1955, com a chegada do inglês Stirling Moss ao time, Fangio continuou vencendo e garantiu quatro vitórias e o terceiro título mundial já na quinta corrida, das sete do calendário, em Zandvoort, Holanda. Moss fechou a dobradinha conquistnado o primeiro dos quatro vice-campeonatos que registraria na Fórmula 1. O resultado de 1955 foi potencializado por sua primeira vitória no campeonato, justamente no Grande Prêmio da Inglaterra.
De fato, a tragédia de Le Mans foi o elemento facilitador para que essa página da história fosse virada, mas que começa a ser novamente escrita depois de quase 55 anos.
GALERIA ESPECIAL – Na galeria abaixo, todas as vitórias da equipe Mercedes-Benz na Fórmula 1, entre 1954 e 1955:









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