Daniel Ricciardo sai da McLaren de forma humilhante

A vitória no GP da Itália do ano passado não foi o bastante para a manutenção do australiano na equipe inglesa

Por Américo Teixeira Junior

Daniel Ricciardo ainda tem nove GPs a cumprir para fechar sua segunda e última temporada na McLaren – Foto McLaren Media/Steve Tee/Motorsport Images (Hungaroring, Hungria, 31.07.2022)

Daniel Ricciardo deixará a McLaren ao final de 2022, mesmo tendo contrato até 2023 e apesar de conquistar a vitória de número 183 da equipe, em Monza na temporada passada. O anúncio foi feito nesta quarta, 24, no que parece ter sido um, digamos, divórcio amigável. Agora, a McLaren está livre para comunicar a contratação de Oscar Piastri, enquanto Ricciardo, tudo levar supor, vai para a Alpine. Esse é o resumo de uma confusão na qual Ricciardo, mesmo sendo envolvido involuntariamente, foi humilhado em todo o processo, talvez até antes de a movimentação de cadeiras ser percebida, pois sua cabeça foi uma espécie de moeda de troca o tempo todo.

Por falar em humilhação, a Alpine também teve de engolir um sapo gigantesco ao anunciar a contratação de Piastri, no dia 2 de agosto, e se ver desmentida pelo próprio piloto horas depois. O motivo era seu acordo com a McLaren, que deve ser muito sólido. Afinal, como entender a atitude até grosseira de um garoto, certamente salivando para estrear na Fórmula 1, ao esnobar a vaga de titular na organização que já vinha apoiando sua carreira?

Justiça seja feita. A cabeça dos executivos da Alpine deve ter entrado em parafuso ao saber que seu principal astro, o bicampeão Fernando Alonso, estava de saída para a Aston Martin, para ocupar o lugar de Sebastian Vettel. A certeza de permanência do espanhol era tanta que deixaram passar a data-limite para informar o futuro do campeão da Fórmula 2 de 2021.

Mas se na Alpine as preocupações eram outras, o agora empresário de Piastri, Mark Webber, estava muito atento ao calendário e tratou logo de buscar outras paragens para seu pupilo. Ironicamente, a vítima dessa operação, do empresário australiano em prol de um piloto australiano, foi justamente Ricciardo, outro australiano.

Já em baixa por resultados fracos, Ricciardo ficou mais vulnerável ainda ao ver sua vaga “passando de mão em mão”, sendo obrigado pela situação incômoda a declarar publicamente que ficaria na McLaren, em razão do contrato. Se sair com os bolsos cheios e for para a Alpine, pode ser uma compensação. Mas, de fato, Daniel Ricciardo “curtiu” as férias da Fórmula 1 com uma espécie de carimbo na testa com a imerecida mensagem: “humilhado e demitido”.


Capa/Destaque: Daniel Ricciardo, com McLaren MCL36, no sábado de classificação para o Grande Prêmio da FrançaFoto McLaren Media/Steven Tee/Motorsport Images (Paul Ricard, França, 23.07.2022)

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