Arábia Saudita: o Grande Prêmio que não deveria ter acontecido

Dinheiro saudita é mais “cheiroso” do que o russo?

Por Américo Teixeira Junior

Aramco é a 14ª maior empresa do mundo, segundo o ranking Global 500 (2021) da revista Forbes – Foto ANDY HONE/LAT IMAGES/HAAS F1 TEAM (Jeddah, Arábia Saudita, 25.03.2022)

Somente o fato de a empresa petrolífera estatal da Arábia Saudita, a Aramco, ser patrocinadora principal da Fórmula 1 para justificar a realização do Grande Prêmio do último domingo, em Jeddah. De outro modo, a categoria seria obrigada a mostrar um mínimo de coerência e medir os acontecimentos sauditas com a mesma “régua” usada em relação aos russos.

As demenciais lideranças de Estados Unidos, Ucrânia e Rússia – e só, pois não há lideranças na Europa, depois da saída de Angela Merkel -, ávidas pelo título de “Senhor da Guerra 2022”, resultaram na guerra em solo ucraniano, espécie de antessala de um conflito nuclear.

Obviamente que houve reações, entre verdadeiras e oportunistas. E seletivas. Mesmo que o ocidente ignore o drama no Iêmen e a descomunal crise humanitária impulsionada pelo próprio país anfitrião da segunda etapa do Mundial, a Fórmula 1 se submeteu subalternamente, embarcando nas “garantias de segurança”, mesmo com instalações petrolíferas em chamas, sob ataque iemenita, nos arredores do Corniche Circuit.

Houvesse um padrão, a Arábia Saudita receberia tratamento equivalente àquele dado à Rússia. Mas, objetivamente, os russos não são patrocinadores da Fórmula 1.

Hipocrisia.

Capa/Destaque – O Jeddah Corniche Circuit está distante cerca de 10 km das instalações petrolíferas da Aramco atacadas pelos iemenitas – Foto FERRARI MEDIA (Jeddah, Arábia Saudita, 27.03.2022)

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