Quem tem de se preocupar em fazer contas, envolto nos mistérios da soma ou subtração, é banqueiro ou professor de matemática. Piloto tem de acelerar! É com esse pensamento que Rubens Barrichello chegará ao Autódromo Municipal José Carlos Pace para reencontrar sua numerosa e entusiasmada torcida. Em entrevista ao jornalista Luiz Fernando Ramos (http://www.tazio.com.br), em Suzuka, o vice-líder do Campeonato Mundial de Fórmula 1 deixou bem claro que vai a Interlagos para vencer. Contas? Só depois.

Embora as condições sejam muito favoráveis para Jenson Button faturar o título no Brasil e a Brawn venha mostrando desempenho mediano nas duas provas recentes, Barrichello não vai se permitir ser o coadjuvante dessa festa. Manterá essa garra que é sua marca registrada. Se ganhará ou perderá, isso é outra história. Mas vai, sim, com a faca nos dentes.

Além disso, caso consiga transferir a decisão para a última etapa, terá dado um golpe muito forte na suposta tranquilidade do parceiro de equipe. Afinal, você dormiria tranquilo se tivesse vencido seis corridas em sete e, de repente, vê-se obrigado, pelo crescimento do companheiro de equipe, decidir o título na última corrida?

Barrichello iniciará os preparativos para o Grande Prêmio do Brasil com os mesmos 14 pontos de desvantagem para Button, que há sacramentara após a histórica vitória em Monza. Se na corrida enfadonha desta madrugada, em Suzuka, recuperou um ponto, mesmo com o fraco desempenho da Brawn GP como um todo, o grande mérito do brasileiro nesse giro asiático foi ter impedido o desastre que poderia ter acometido o carro 23 em Cingapura. Depois de todos os problemas lá enfrentados, ver Button abrir apenas um ponto naquela noite sob 30ºC, foi de fato uma grande “vitória”.

Mas para evitar uma festa do Button no “quintal” de sua casa, Rubens Barrichello terá de repetir resultados superlativos. Com 20 pontos em jogo e 14 a separar os dois candidatos da Brawn ao título, Barrichello continuará na briga e transferirá a decisão para a última rodada se:

1 – Vencer e Button chegar no máximo em 4º. Essa opção daria a Barrichello 81 pontos, contra 90 do inglês;

2 – Ir ao pódio com o 2º e Button receber a bandeirada no máximo em 6º. Nesse quadro, Barrichello iria para 79, contra 88 de Jenson Button;

3 – Chegar em 3º e Button não passar do 8º posto, hipótese que colocaria o placar em 77 contra 86;

4 – Fechar a prova em 4º e Button zerar, perfazendo 76 contra 85.

O título será de Button se chegar na frente do brasileiro, em qualquer situação. A decisão só será postergada se a diferença estiver, ao final do Grande Prêmio do Brasil, no máximo em nove pontos, o que significa tirar no mínimo cinco pontos desta margem. Na hipótese de a distância for de dez pontos e mesmo existindo a teórica possibilidade de haver empate em Abu Dhabi (vitória de Barrichello e posição zerada para Button), o desempate pró-Button seria pelo número de vitórias. Button já tem seis. Barrichello atingiria, no máximo, quatro.

Difícil para Barrichello segurar o inglês? Sim, mas quem disse que vida de piloto é fácil? Qualquer que seja o resultado, Barrichello pode estar se preparando para a melhor corrida de sua vida. E aqui, na terra dele!

Foto Brawn GP