Opinião DM: Por que a Fórmula 1 não será dividida?

BrawnGP/Charles Coates/LAT Photographic
Largada do Grande Prêmio da Espanha de 2009 (Foto BrawnGP/Charles Coates/LAT Photographic)

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Por AMÉRICO TEIXEIRA JR.

Até as vitórias de Jenson Button mereceram menos destaque no noticiário recente da Fórmula 1 do que a disputa político-econômica entre a Fédération Internationale de L’Automobile (FIA) e a Formula One Teams Association (Fota). E mesmo correndo em sua terra, na etapa deste final de semana no autódromo de Silverstone, o líder do campeonato parece que vai ficar para o baixo de página, mesmo que vença o Grande Prêmio da Inglaterra.

Na verdade, trata-se de um confronto antigo que tem duas frentes bem definidas. A primeira delas é a técnico- desportiva. Lideranças como Luca di Montezemolo, Chairman da Fota e presidente da Fiat (empresa proprietária da Ferrari), e Ron Dennis, atual Chairman da Mclaren Automotive, nunca aceitaram que a entidade comandada por Max Mosley tivesse o poder de formular os regulamentos e normas da categoria, cabendo às equipes um papel menor nesses quesitos.

Entretanto, o ponto mais delicado de toda essa briga sempre foi o dinheiro. Milionária sob todos os aspectos, a maior parte do faturamento da Fórmula 1 sempre ficou para a Formula One Management (FOM), de Bernie Ecclestone, detentor dos direitos comerciais. Num “mundo” afeito aos segredos e posturas públicas antecipadamente combinadas e ensaiadas, a Fórmula 1 nunca revela seus números, mas a realidade tem se mostrado desfavorável aos times, que dividem uma parte inferior à metade, enquanto Bernie Ecclestone se estabelece como um dos homens mais ricos do mundo, de acordo com o levantamento anual da Forbes.

Para cuidar desses itens todos, a Fota criou comissões de trabalho e entregou as respectivas chefias para nomes de destaque da Fórmula 1. A parte técnica ficou sob o comando de Ross Brawn, Martin Whitmarsh (Team Principal da McLaren) assumiu a regulamentação desportiva. Já Flavio Briatore, Team Principal da Renault e mencionado várias vezes como um possível sucessor de Ecclestone, posiciona-se como o gestor da área comercial. Esse grupo é muito poderoso e não é por acaso essa articulação bem organizada neste momento.

A autoridade de Max Mosley vem sendo questionada e bombardeada há tempos e isso ocorre não por causa daquela bobagem de flagra sexual que contaminou a imagem do presidente da FIA de maneira inquestionável, mas não na intensidade de abalar a sua autoridade. Logo, um dos focos é enfraquecer ao máximo a liderança de Mosley para que ele deixe de figurar como presidente da FIA a partir da eleição do próximo mês de outubro. “Afinal, quem ele pensa que é para mudar o regulamento dessa forma?“, seguramente esse questionamento já foi verbalizado nas reuniões da Fota ou pelo paddock. Nessa mesma linha de ataque planejado, a Fota está buscando isolar Bernie Ecclestone e tirar dele o dinheiro que acredita ser de seus associados.

Tudo isso, porém, não dever receber crédito exagerado. A divisão da Fórmula 1 não interessa para ninguém. O comunicado da Fota (leia o original em inglês), na noite de ontem, dava como certo o rompimento, com a criação de um novo campeonato com Ferrari, McLaren, Renault,  Brawn, Toyota, BMW Sauber, Red Bull e Toro Rosso. Já a FIA prometia para amanhã, sábado, sua relação de participantes para 2010 (leia o original em inglês), mas desistiu porque o departamento jurídico da entidade já está atuando contra as ações da Fota (leia o original em inglês).

Assim, na opinião do Diário Motorsport e em total respeito aos veículos de comunicação que pensam em contrário, a Fórmula 1 não acabou e não será dividida. Esses anúncios são meramente pirotécnicos e servem para agitar o ambiente, indicando que a disputa entre os dois organismos seguirá até o ponto crítico e, esse sim, exigirá um acordo. Há contratos espalhados pelo mundo em nome desse unidade e compromissos de várias ordens que impedem que se obtenha muito além do que os efeitos midiáticos desses anúncios. E o limite pode não estar muito longe, visto que qualquer investidor sensato, justamente em um momento de crise mundial, pode se perguntar: “Será que devo continuar investindo num esporte chato na pista e tumultuado fora dela?“.

Impressionantemente rica e poderosa, a Fórmula 1 vai continuar unida e agrupada na mesma rota. Quais cabeças vão rolar depois disso tudo, não há como saber ao certo, mas o fato que nenhuma delas vale o desmembramento dessa jóia rara chamada Fórmula 1, o maior manifestação esportiva do planeta.

E você, Amigo Leitor, concorda ou discorda com a nossa opinião? Será um prazer conhecer o seu pensamento.

1 Comment

  1. Moacir da Silva Martins 15 de julho de 2009 at 10:55

    Ola Americo, como vai?? Eu tenho uma grande duvida e gostaria que você me tirasse essa duvida da cabeça. Afinal de contas, como é divido os 50% da receita da formula 1 entre as equipes. bem, porque isso eu sei, que é 50% do faturamento que as equipes recebem, mas eu gostaria muito de saber como é feita essa divisão? O que eu tenho em mente é que a divisão é feita pelo tanto de pontos conseguidos pela equipe durante a temporada. Po exemplo: se o faturamento da formula 1 foi de UU$ 6 Bilhões de dolares em 2008. então seria 3 bilhões para as equipes. então vamos calcular ( 3.000.000 bilhões dividido por 663 pontos que o tanto de pontos distribuidos durante o ano, seria igual a 4.524,000 milhões por ponto. então se a Mclaren conquistou 151 pontos na temporada, ela receberia (151 x 4.524,000 = 683.124,000 milhões de dolares). É assim que eu imagino a distribuição do dinheiro.

    Obrigado, um grande abraço!!!

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