Autódromo de Interlagos e o automobilismo brasileiro: a “arte” de complicar algo já tão difícil

Por Americo Teixeira Jr. – Tivemos a infeliz oportunidade de ver, nos últimos dias, como se desenvolve a “arte” de complicar o que já é difícil. Na tentativa de fazer algo que, na visão de seus responsáveis, parecia ser uma boa solução para o Autódromo Municipal José Carlos Pace, transformou-se em algo capaz de conturbar uma época do ano normalmente já muito complicada para o esporte.

Aos já difíceis preparativos técnicos, orçamentários, promocionais e logísticos para uma temporada, somou-se uma tabela de preços com valores majorados para a utilização de Interlagos. Desde a publicação no Diário Oficial do município, em 28 de dezembro de 2011, até o dia de hoje, quando o diretor de eventos da SP Turis, Everaldo Jr., anunciou que a tabela não será mais considerada, o “mundo do automobilismo virou de cabeça para baixo”.

É claro que a mudança de postura da empresa administradora devolveu aparentemente a tranquilidade para diversos setores do automobilismo e, vale ser pontuado, mereceu aplausos de muito destes. Só que ficou claro que não foi o bastante para resolver algumas questões imediatas. A prova 24 Horas de Interlagos, do promotor Antonio de Souza Filho, foi atingida de forma violenta e frontal.

Desmontagem geral

Quem é do automobilismo sabe tudo o que tem de estar funcionando em torno de uma corrida para que ela aconteça. E se essa corrida tem 24 horas e está inserida num evento de cinco dias, tudo fica superlativo e caro. Ato contínuo após o adiamento da prova pela FASP, justamente por causa das novas taxas, toda essa estrutura foi desmontada. O promotor meteu o pé no freio com o objetivo de impedir que a conta não aumentasse, visto a inexistência de receita pela não realização da disputa no período anteriormente marcado.

Mídia televisiva e radiofônica, fornecimento de pneus e ethanol, entrega de tanques de combustível e torres de abastecimento, estruturas de segurança, sinalização, resgate, cronometragem, médica, imprensa, geração de TV, eventos  paralelos (shows musicais, exposições, feira de acessórios e objetos históricos etc) e muito, muito mais, tudo foi interrompido.

Pilotos e equipes

Isso sem falar nos principais “atores” da 24 Horas, pilotos e equipes. Muitos participantes consultados nesta quinta-feira, após a SPTuris substituir a nova taxa de R$ 416 mil pela antiga, R$ 25 mil, desaceleram o processo de preparação e simplesmente não poderão participar, caso a competição venha a ocorrer no período original, de 28 a 29 de janeiro.

Viagens canceladas, negociação para devolução de pagamentos já feitos a hotéis da cidade, interrupção de acordos de patrocínio, desemprego de mão de obra contratada pelas equipes, suspensão na preparação dos carros, acordos desfeitos com pilotos e outros nem concretizados. Esse é um cenário que permite ilustrar o que ocorre nesses dias.

Toninho de Souza, depois de negociar a devolução de inscrições pagas e de recusar o recebimento de pagamentos de outras, passou o dia em contato com todo esse povo tentando atender a solicitação da SP Turis, que é manter a data original. A decisão será tomada nessa sexta-feira, 20 de janeiro.

Infelizmente, o episódio não passará incólume. Há, sim, “mortos e feridos”. Mas se servir de lição para que “trovoadas” como essas não voltem a atingir um esporte tão debilitado, não terá sido, pelo menos em parte, em vão. E se todos aprendermos um pouco, também.

1 Comment

  1. Carlos Giacomello 20 de janeiro de 2012 at 13:31

    Todos os que estavam envolvidos com a prova devem fazer um esforço sobre-humano para não deixar que o prejuizo desta “besteria” caia somente no colo do Toninho de Souza, um grande promotor de eventos que tem penado ultimamente, pois quem deveria lhe dar apoio é justamente quem tem criado os maiores problemas. E isto não é de hoje.

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