É infalível! Se a lembrança de Ayrton Senna é constante para os aficionados do automobilismo, quando chega o mês de maio esse sentimento ganha contornos muito nítidos de saudade e, por conseqüência, vem aquela exclamação de incredulidade: “Como esse cara foi morrer?”. Ayrton Senna foi tão grande, conseguiu reunir, ao longo de sua carreira, uma quantidade tão imensa de predicados que é impossível não reverenciá-lo, além de ser um privilégio fazê-lo.

Títulos, vitórias e atuações brilhantes contam, seguramente, mas Senna foi muito além. Enquanto vencia, o piloto representava um alento para uma gama enorme da população. Não que uma conquista de Senna fosse alterar o dólar ou a conta bancária do brasileiro que, imediatamente após a bandeirada e o banho de champanhe do ídolo, voltava à sua rotina. Mas naqueles momentos diante da televisão, ou com o ouvido no rádio, o mundo parecia mais dourado.

Esse ídolo morreu, mas em lugar da doída lembrança do ocorrido naquela maldita curva em Ímola, há toda uma trajetória vitoriosa que, essa sim, deve ser lembrada sempre. E devem ser lembradas e festejadas não porque Senna tenha morrido, mas porque vencer na Fórmula 1 não é pra qualquer um. É coisa para gigantes do porte de um Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e José Carlos Pace.

Nas lembranças das 41 vitórias de Senna, alguma são muito marcantes. A primeira delas, no Grande Prêmio de Portugal em 1985, foi uma delas. O veterano promotor de kart Elcio de São Thiago relembra que, bastava chover, para o Senna kartista aparecer no Kartódromo de Interlagos. Senna não gostara de sua primeira corrida de kart na chuva e não se permitiu descanso até dominar o traçado de Interlagos. Todo esse ensinamento foi valioso. Já em 1984, com um Toleman, só não venceu o Grande Prêmio de Mônaco, debaixo de chuva, porque a prova foi interrompida. Venceu Prost, com Senna em 2º.

Mas a vitória veio em 21 de abril de 1985. Com um Lotus Renault, Senna não apenas venceu debaixo de um enorme temporal, como também assinalou a melhor volta, tudo isso depois de marcar a pole position, também a primeira das 65 que conquistou ao longo de sua carreira de 165 Grandes Prêmios.

A sequência de seis vitórias em Mônaco começou em 1987 (Lotus Honda). Depois foram conquistadas as de 1989, 1990, 1991 e 1992 (todas com McLaren Honda) e 1993 (McLaren Ford). E poderia ter pelo menos mais uma nessa conta, não fosse a desconcentrada em 1988 quando liderava com muita folga. Esse relato não poderia terminar sem a prova de Suzuka em 1988 e as vitórias no Brasil (1991 e 1993). E a da Espanha a 0s014 de Mansell em 1986? E a derradeira na Austrália, em 1993? Na verdade, todas foram sensacionais. Apesar de toda a saudade que temos dele, Ayrton Vive!

Foto Miguel Costa Jr.

Veja a relação completa das 41 vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1: