Não há prazo para que as autoridades do estado do Rio de Janeiro definam se a Rio Motorpark poderá ou não construir o autódromo
Por Américo Teixeira Junior
Ainda não está inteiramente claro qual dos “pratos da balança” pesa mais: se desejo de varrer a influência de Bernie Ecclestone ou o engajamento ao projeto de Deodoro. Fato é que a Formula One Management (FOM) pleiteia a volta da Fórmula 1 ao Rio de Janeiro e tenta exercer influência, mesmo que subliminarmente.
Tal posição foi explicitada em carta enviada por Chase Carey ao governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Bomfim de Castro e Silva. No documento de 14 de setembro, o CEO da Fórmula 1 comunicou ter firmado contrato com a promotora de eventos Rio Motorsports, que passa a ser responsável por “sediar, organizar e promover eventos de Fórmula 1 no Rio de Janeiro“.
Mas desde a destruição do Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá, até as ondas do Arpoador sabem que a Fórmula 1 só retornará se a cidade tiver um outro para chamar de seu. E não adianta ter o “Cristo Redentor [de] braços abertos sobre a Guanabara” que não vai rolar sem nova praça esportiva.
Por esse motivo, Carey alertou que há condicionantes. “Esses acordos estão prontos para execução e anúncio pela Fórmula 1, assim que todas as licenças necessárias forem emitidas pelas autoridades competentes“, sem as quais não sairá do papel o projeto da Rio Motorpark, do empresário JR Pereira, que venceu a licitação para construir e assumir a gestão do autódromo de Deodoro.
Obviamente que têm pressa todos os envolvidos, a começar para empresa responsável. “A Rio Motorpark já cumpriu todas as etapas referentes ao processo de licenciamento e aguarda o parecer do órgão competente. O projeto está respaldado por um estudo consistente sobre impacto ambiental, que estabelece uma série de medidas mitigadoras que vão muito além das ações compensatórias normalmente exigidas em empreendimentos desse tipo”, disse em nota.
O mesmo pode ser dito em relação a Carey, que não necessariamente estará ainda instalado na Nº2 St James’s Market, em Londres, pois em janeiro será substituído por Stefano Domenicali. É que pode demorar, pois há todo um rito a ser seguido.
Por meio de nota, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) informou que ainda está sendo elaborado o parecer técnico a respeito do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para a construção.
Concluída essa etapa, o parecer técnico será submetido primeiro à Procuradoria e, só posteriormente, à Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA¹), colegiado responsável pela emissão ou não da licença ambiental. Diante dessa tramitação, “ainda não há uma previsão para a conclusão do referido documento“.
Assim, pelo simples fato de haver um único circuito no Brasil em condições de sediar uma prova de Fórmula 1, oficialmente continuam as negociações para a volta da categoria ao Autódromo Municipal José Carlos Pace, no bairro paulistano de Interlagos, confirmaram Prefeitura e International Publicity. Há, porém, dificuldades e incertezas.
O Diário Motorsport solicitou entrevista com JR Pereira, que aceitou, mas prefere falar após a liberação das licenças. A FOM também foi procurada.
¹ A CECA é composta pelos seguintes órgãos:
- INEA;
- Secretaria de Fazenda;
- Secretaria da Casa Civil;
- Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento;
- Departamento de Recursos Minerais (DRM);
- Procuradoria do Patrimônio e do Meio Ambiente da Procuradoria Geral do Estado;
- Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ);
- Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE);
- Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN);
- Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA);
- Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA);
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).