Não há prazo para que as autoridades do estado do Rio de Janeiro definam se a Rio Motorpark poderá ou não construir o autódromo

Por Américo Teixeira Junior

Chase Carey foi quem assumiu o posto de Bernie Ecclestone – Fotos RODRIGO BERTON/GRANDE PRÊMIO – São Paulo, Brasil, 11.11.2018

Ainda não está inteiramente claro qual dos “pratos da balança” pesa mais: se desejo de varrer a influência de Bernie Ecclestone ou o engajamento ao projeto de Deodoro. Fato é que a Formula One Management (FOM) pleiteia a volta da Fórmula 1 ao Rio de Janeiro e tenta exercer influência, mesmo que subliminarmente.

Tal posição foi explicitada em carta enviada por Chase Carey ao governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Bomfim de Castro e Silva. No documento de 14 de setembro, o CEO da Fórmula 1 comunicou ter firmado contrato com a promotora de eventos Rio Motorsports, que passa a ser responsável por “sediar, organizar e promover eventos de Fórmula 1 no Rio de Janeiro“.

Mas desde a destruição do Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá, até as ondas do Arpoador sabem que a Fórmula 1 só retornará se a cidade tiver um outro para chamar de seu. E não adianta ter o “Cristo Redentor [de] braços abertos sobre a Guanabara” que não vai rolar sem nova praça esportiva.

Por esse motivo, Carey alertou que há condicionantes. “Esses acordos estão prontos para execução e anúncio pela Fórmula 1, assim que todas as licenças necessárias forem emitidas pelas autoridades competentes“, sem as quais não sairá do papel o projeto da Rio Motorpark, do empresário JR Pereira, que venceu a licitação para construir e assumir a gestão do autódromo de Deodoro.

Obviamente que têm pressa todos os envolvidos, a começar para empresa responsável. “A Rio Motorpark já cumpriu todas as etapas referentes ao processo de licenciamento e aguarda o parecer do órgão competente. O projeto está respaldado por um estudo consistente sobre impacto ambiental, que estabelece uma série de medidas mitigadoras que vão muito além das ações compensatórias normalmente exigidas em empreendimentos desse tipo”, disse em nota.

O mesmo pode ser dito em relação a Carey, que não necessariamente estará ainda instalado na Nº2 St James’s Market, em Londres, pois em janeiro será substituído por Stefano Domenicali. É que pode demorar, pois há todo um rito a ser seguido.

Por meio de nota, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) informou que ainda está sendo elaborado o parecer técnico a respeito do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para a construção.

Concluída essa etapa, o parecer técnico será submetido primeiro à Procuradoria e, só posteriormente, à Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA¹), colegiado responsável pela emissão ou não da licença ambiental. Diante dessa tramitação, “ainda não há uma previsão para a conclusão do referido documento“.

Assim, pelo simples fato de haver um único circuito no Brasil em condições de sediar uma prova de Fórmula 1, oficialmente continuam as negociações para a volta da categoria ao Autódromo Municipal José Carlos Pace, no bairro paulistano de Interlagos, confirmaram Prefeitura e International Publicity. Há, porém, dificuldades e incertezas.

O Diário Motorsport solicitou entrevista com JR Pereira, que aceitou, mas prefere falar após a liberação das licenças. A FOM também foi procurada.


¹ A CECA é composta pelos seguintes órgãos:

  • INEA;
  • Secretaria de Fazenda;
  • Secretaria da Casa Civil;
  • Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento;
  • Departamento de Recursos Minerais (DRM);
  • Procuradoria do Patrimônio e do Meio Ambiente da Procuradoria Geral do Estado;
  • Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ);
  • Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE);
  • Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN);
  • Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA);
  • Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA);
  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

16 Comments

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  7. Paulo Eneas Scaglione 7 de outubro de 2020 at 12:48

    Só para quem tem boa memória. A CBA quando nos anos de 2007 a 2009 conseguiu bloquear a destruição de Jacarepaguá mediante acordo homologado na Justiça do Rio de Janeiro tendo inclusive o novo presidente se comprometido a se ACORRENTAR NOS PORTOES DO AUTODROMO para evitar qualquer movimentação fora do acordado , por falta de corrente ou cadeado a CBA não teve condições de cumprir o prometido. Não satisfeito cancelou o contrato existente para a construção do autódromo de Taubaté
    CONCLUSAO : O AUTOMOBILISMO DEVE SER ADMINISTRADO POR QUEM ENTENDE

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  8. Marcos Abreu Ferreira 5 de outubro de 2020 at 8:49

    O problema é o cumprimento das exigências legais, coisa que nós brasileiros somos especialistas em tocar a boiada por cima delas.

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  9. Fern Kesnault 4 de outubro de 2020 at 6:15

    Com tanta falta de recursos a tantas áreas?? E sendo o Estado do RJ um antro de corrupçao em todos os níveis, ja comprovados por fatos “n”??? Menos, aterrise e reivindique melhorias dos serviços públicos.

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  10. Beto Mesquita 3 de outubro de 2020 at 22:29

    Se os interessados em construir o autódromo tivessem mesmo algum compromisso com a sustentabilidade – como a maquiagem verde que usam em seus discursos sugere – já teriam deixado a Floresta do Camboatá em paz. E a F1, que diz que quer ser neutra em carbono, se desmatasse a Floresta do Camboatá já começaria com o equivalente a 4 anos de emissões das corridas no NEGATIVO! QUE O AUTÓDROMO SEJA EM OUTRO LUGAR!

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  11. Gláucia Marconato 3 de outubro de 2020 at 21:59

    É desanimador pensar que carros valham mais que uma floresta. Precisamos da floresta em pé!!!!! precisamos de ar puro, refrescante, que certamente não serão os carros que darão. Há uma floresta cheia de caracteristicas distintivas que a tornam única. O autódromo pode ser feito em qualquer lugar. A floresta só tem essa chance e esse lugar para existir. não ao retrocesso!!!!!!!

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  12. Marina Costa Bernardes 3 de outubro de 2020 at 21:22

    Desde que moro em Deodoro há 29 anos já vi acontecer 12 obras de cimento armado em nome do emprego e renda. Dá para contar nas mãos os empregos que esses empreendimentos geraram. O Poder Público tem que investir é em Educação, Cultura, Segurança, Saúde.

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  13. Marina Costa Bernardes 3 de outubro de 2020 at 21:05

    É inconsequente que se faça um autódromo em cima de uma área de vegetação que deve ser mantida e restaurada. Utilizada para o RJ, de forma coerente e equilibrada para a preservação do Meio Ambiente tendo em vista o total desequilibrio que está se propondo à VIDA. AUTÓDROMO SIM, MAS EM OUTRO LUGAR. NÃO EM CIMA DA FLORESTA DO CAMBOATÁ!

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  14. Celso Junius 3 de outubro de 2020 at 20:42

    A obsessão em contruir o autódromo na Floresta do Camboatá é injustificável, tendo o Rio pelo menos 10 alternativas. Qual é a negociata?

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  15. Matheus Silveira 3 de outubro de 2020 at 19:01

    Será uma vergonha para o Estado do Rio de janeiro perdemos este importante equipamento de geração de emprego e renda. O estado precisa de um empreendimento desta magnitude pra alavancar o desenvolvimento regional.
    Ressalto, que uma vez cumpridas as exigências legais, não há porque haver morosidade na emissão das licenças e autorizações.

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  16. Carlos 3 de outubro de 2020 at 12:10

    Em resumo, já era a F1 no Brasil.
    Porque seria um escárnio ser destruída uma área tão bela no Rio.
    Porque não dão uma guaribada em Jacarepaguá e refazem lá o autódromo, de onde aliás nunca deveria ter saído?

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