FIA tem chance extraordinária de não ser hipócrita, como FIFA & Cia

Banir esportistas russos de competições internacionais, em nome da paz, tem eficiência equivalente a cuspir num incêndio para garantir a preservação de uma floresta em chamas

Por Américo Teixeira Junior

Bastou Vladimir Putin cometer o erro injustificável de invadir a Ucrânia e iniciar uma guerra para que costumeiros hipócritas ocidentais – e outros saídos do armário – gritassem a plenos pulmões todo tipo de condenação à Rússia. E tem de condenar, mesmo, pois não há nada que substitua a negociação diplomática.

Mas na onda da ridícula cara de espanto das potências ocidentais, grandes parideiras de guerras, as entidades gestoras do esporte internacional também tentam se apresentar como limpinhas, cheirosas e escandalizadas.

A FIA convocou para esta terça-feira um reunião extraordinária do Conselho Mundial de Esporte a Motor para discutir a crise da Croácia. Para além de uma posição política e engajada de veemente condenação, há decisões práticas a tomar, uma vez que pilotos e patrocinadores russos estão em algumas competições por ela supervisionadas.

Só há dois caminhos para a FIA: aderir à hipocrisia de FIFA & CIA ou mostrar que não cai nessa história, repetida à exaustão, de que somente russos não sujos e fedidos. Dificilmente haverá condições de russos competirem em qualquer coisa no curto prazo. Justamente por isso, sem assumir esse ônus, pode reafirmar uma posição firme de não permitir interferência no esporte. Mesmo porque, quando a agressão foi ocidental, nada fez de prático.

No terceiro e último dia da pré-temporada da Fórmula 1 em Montmeló, Espanha, os carros da Haas F1 Team já não estampavam o patrocinador russo que garante a presença de Nikita Mazepin (Reprodução website da equipe)

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