Natural de São Caetano do Sul, o piloto foi um dos principais nomes da antiga Divisão 3, com o inconfundível Fusca de corrida
Por Américo Teixeira Junior
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Automobilismo, em meio a prateleiras, compunha o cenário do mercadinho da Rua Engenheiro Armando de Arruda Pereira, em São Caetano do Sul, o “C” do ABC paulista. Não era muito grande, mas tinha de tudo o que as famílias do Jardim São Caetano precisavam. Ali perto, do outro lado da principal avenida da região, a Estrada das lágrimas, havia um colégio técnico chamado Jorge Street.
De vez em quando, os alunos de mecânica e eletrônica atravessavam a avenida – de nome duvidoso por causa de um cemitério no final desta, quase na divisa com São Bernardo do Campo – e iam comprar doces e biscoitos no mercadinho.
Um desses estudantes, lá com seus 14 ou 15 anos, percebeu nas paredes do estabelecimento umas fotos de um Fusca de corrida. As imagens coloridas e P&B foram suficientes para que o local passasse a ser visitado com mais frequência.
Num belo dia, o coração do estudante disparou. O mesmo Fusca das fotos estava na frente do mercadinho, sobre uma carretinha ligada à traseira de um carro de passeio. Muito, mas muito mais lindo do que nas fotos, o harmonioso layout, que misturava azul, vermelho e branco, tornou mais marcante ainda aquela primeira vez do estudante, que nunca tinha tido ainda a chance de ver de perto um carro de corrida.
Ao perguntar sobre o carro, o rapaz que atendia no caixa respondeu: “É meu, eu sou piloto”. Foi a largada para algumas boas conversas sobre automobilismo. Num dia, o aluno apareceu com uma Quatro Rodas na mão e mostrou todo orgulhoso para o “moço do mercadinho”: “Olha você aqui!”.
O entrosamento entre os dois foi se estreitando e o estudante convenceu o diretor da escola técnica de que deveria convidar o piloto para uma palestra. E assim foi feito, com muito sucesso. A molecada estava muito curiosa em como transformar um carro de rua para a pista e, também, como era possível andar tão rápido em Interlagos.
Tempos depois, com o término do curso, estudante e piloto perderam contato, mas puderam relembrar toda aquela atmosfera em encontros rápidos nas pistas, por vezes, ao longo dos anos.
O piloto, campeoníssimo em carros de Turismo, principalmente na Divisão 3, na qual conquistou vitórias e títulos, era Arturo Fernandes.
Nesta quinta-feira, 28, ele estava na Fazenda DIMEP, em Itatinga, interior de São Paulo, acompanhando testes de sua equipe na pista particular do piloto e empresário Dimas de Melo Pimenta. Aos 75 anos, sentiu-se mal e faleceu no local. Infarto fulminante.
Àquele estudante, coube rememorar, nesta matéria, as histórias do Fusca e da palestra numa escola de São Caetano do Sul, há aproximadamente 45 anos.
Muito obrigado, “moço do mercadinho”.
Capa/Destaque: Arturo Fernandes – Foto Rui Amaral Jr.
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Linda homenagem,ao nosso amigo Arturito.
Linda homenagem,ao nosso amigo Arturito,assim como era chamado,que Deus o receba de braços abertos.
Bela homenagem !