O automobilismo brasileiro perdeu nesta semana o mecânico Darcy de Medeiros, que aos 73 anos não resistiu a um infarto fulminante, em São Paulo
Por Américo Teixeira Junior (Texto e Fotos)
Dono de uma experiência gigantesca e conhecedor profundo de todos os aspectos que envolvem um carro de corrida, Darcy de Medeiros trilhou um caminho que o levou direto para a Fórmula 1. Ao longo de toda uma vida, formou técnicos e pilotos, construiu, preparou e restaurou carros de corridas, ajudou muita gente a viver o sonho do automobilismo e nem mesmo os seus cabelos brancos e o andar já um pouco comprometido impediram que ele dedicasse seus últimos dias ao projeto do novo Fórmula Vee, sempre ao lado dos parceiros, Wilson Fittipaldi Junior e Ricardo Divila.
Como jornalista, conheci muito de perto não apenas o trabalho do Darcy mas, sobretudo, sua paciência e gentileza em responder minhas intermináveis perguntas. Essa aproximação começou em 1992, quando o kartista que eu assessorava ingressou nos monopostos na então estreante Fórmula Chevrolet, categoria disputada com chassis Reynard e motor Opel. O garoto de 16 anos era o paulistano radicado em Ribeirão Preto Hélio Alves de Castro Neves, que mais tarde se tornaria um ídolo mundial assinando como Helio Castroneves.
O pai Helio, com a experiência de quem já tinha sido proprietário de uma equipe de Stock Car, comprou um carro, trouxe seu ex-piloto Alfredo Guaraná Menezes para estar com ele na empreitada e contratou Darcy de Medeiros para cuidar do bólido preto, identificado pelo número 34 e ostentando a marca Corpal, que era a empresa da família Castro Neves. Nessa transição do kart para o monoposto, o assessor de imprensa foi também, no caso, eu.
Aquela convivência com Darcy me permitiu conhecer de forma mais profunda aquele tempo da equipe Copersucar-Fittipaldi de Fórmula 1, que havia estreado no Mundial em 1975 com Wilsinho ao volante e uma equipe fabulosa de mecânicos da qual Darcy fazia parte. E foram tantas histórias, tantas revelações, tantas risadas ao recordá-las – e algum marejar de olhos também -, que me fizeram estar sempre em débito com ele, tamanha a sabedoria e experiência que me foram oferecidas naquele início dos anos 90 e também por todo o tempo que veio a seguir, até esta semana.